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Turismo

EcoTur continua a mostrar belezas naturais do país

As constantes viagens a Angola ao longo de quase duas décadas levaram Paul Wesson a criar a Eco Tur. Uma empresa pioneira no desenvolvimento do ecoturismo em Angola e que se dedica à organização de expedições e safaris para mostrar as belezas naturais do nosso país. O lema da empresa é levar os turistas nacionais e estrangeiros a descobrir os mais belos cantos e recantos angolanos.

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Como e quando surgiu a Eco Tur e quais os serviços que presta no país?

A Eco Tur surgiu em 2003 quando, juntamente com o meu amigo Mário Pinto, ambos amantes da beleza da natureza angolana, decidimos juntar “o útil ao agradável” e formar uma empresa. O objectivo era possibilitar e facilitar ao público o testemunho das belezas naturais do país que nós já visitávamos há quase duas décadas. Contudo, lamentavelmente o país perdeu um dos pioneiros dessa actividade em 2012, ano em que o Mário Pinto faleceu. Mas a empresa continuou a sua actividade e ainda hoje mostra as belezas naturais do país.

O ecoturismo é um segmento turístico cuja procura tem registado um aumento em diversos países. Em Angola esse aumento também se tem notado?

Tem havido bastante procura sobretudo nos últimos anos. Tem existido um aumento gradual na oferta em termos de hotéis, restaurantes, lodges e serviços semelhantes o que facilita os passeios. Para não falar da reconstrução, desde o ano 2000, da rede rodoviária a nível nacional.

Além das visitas e expedições, que outro tipo de atividades de aventura organiza a Eco Tur?

Em termos turísticos a Eco Tur também organiza “city tours” e “shorex trips” para cruzeiros visitando os vários portos de Angola. A nível corporativo e empresarial organizamos eventos de “team building”.

Quais os locais no país que os turistas mais pedem para visitar?

Falando em turismo no seu geral, e não apenas no ecoturismo, temos aqui dois segmentos claros. O primeiro são os residentes de Angola que gostam de sair para fins-de-semana e, assim sendo, por obrigações laborais estão limitados a passeios de dois ou três dias. Por norma, esse segmento procura mais as visitas ao Parque Nacional da Kissama e Rio Kwanza, Quedas de Kalandula, Pedras Negras de Pungo Andongo, Kwanza Sul, bem como locais mais próximos tais como Mussulo, Funda, Barra do Dande, Muxima, Dondo e semelhantes. Porém, é de notar que com a actual situação do país são cada vez mais os residentes angolanos que estão a procurar passar períodos de férias mais longos e aproveitam para visitar outras jóias angolanas como o Lubango, Namibe e Benguela. No segundo segmento temos os clientes estrangeiros, o designado “incoming”, que procuram passar cá sete ou oito dias ou às vezes mais. Há certos locais que são visita obrigatória como as Quedas de Kalandula, Lubango, Namibe, Lobito, Lubango e Kwanza Sul.

Por norma, que conselhos dá a Eco Tur às pessoas quando estas contactam a empresa para reservar uma viagem?

Para cada passeio temos dois documentos principais. O primeiro consiste num itinerário detalhado em formato de brochura com fotografias e o segundo é um pack informativo que foca áreas relacionadas com HSE (saúde, segurança e ambiente), identifica riscos como, por exemplo, os locais onde os clientes devem ter mais cuidado principalmente se levarem crianças como são os casos das quedas de água. O pack inclui também informações sobre o tipo de vestuário recomendado, localização dos coletes salva-vidas nos barcos, recomendações e dicas úteis sobre a segurança e conforto durante os passeios, número de quilómetros a percorrer por etapa, tipos de estrada, locais de paragem, entre outros pormenores.

Um dos objetivos do ecoturismo é ter um importante papel na educação ambiental. Nas visitas e expedições que realiza, a Eco Tur toma especiais cuidados na preservação da natureza e dos ecossistemas? Os turistas demonstram alguma preocupação nesse sentido?

Esses aspectos estão sempre no topo das nossas prioridades. Por norma, os clientes que procuram este tipo de aventura/passeio já são amantes da natureza. Ou seja, escolheram passar uns dias na beleza e tranquilidade da natureza em vez da turbulência da cidade. Logo, existe desde já um respeito bastante forte da parte dos nossos clientes para o bem-estar e conservação (se não já algum conhecimento) do ambiente. Em termos de cuidados especiais, praticamos alguns princípios tais como evitar deixar lixo ou outros sinais da nossa presença nos locais. Advertimos contra outras práticas como dar de comer aos animais, o que é bastante prejudicial por vários motivos, ou cortar árvores e arbustos para fogueiras usando apenas os que encontramos no caminho.

Quais são os benefícios do ecoturismo na conservação e preservação da natureza? E os maiores riscos?

Há muitos benefícios diferentes que podem ser derivados do ecoturismo se for usado como uma ferramenta pelas comunidades locais, em vez de grandes interesses externos. Criando assim desenvolvimento e, ao nível mais básico, emprego local. O ecoturismo pode criar também uma consciência e educação nos turistas sobre algumas questões ambientais como a biodiversidade, espécies ameaçadas, necessidade da sua protecção, entre outros aspectos. O ecoturismo tem menos impacto de stress sobre o ambiente do que o turismo em massa. Isto deve-se principalmente ao facto do ecoturismo ter grupos menores, ao contrário do que sucede com o turismo de massa. Pode ajudar a manter o desenvolvimento, a longo prazo, em áreas, biodiversidade e espécies ameaçadas.

O Governo continua a apostar na diversificação da economia nacional. O sector turístico poderá ser um meio para ajudar a alcançar este objectivo? Que medidas devem ser implementadas para impulsionar o desenvolvimento do sector turístico no país?

A resposta à primeira parte desta questão é muito simples... Sim! Vou dar o exemplo de Tanzânia. Lembro-me que em 2005 tivemos uma pequena conferência de uma associação regional de operadores turísticos em Arusha, na Tanzânia. O nosso Ministro de Hotéis e Turismo da altura também esteve presente, o que demonstra que o nosso Governo já estava atento ao sector do turismo. O actual presidente da Tanzânia abriu a reunião e falou durante quase uma hora. Três dias depois, o encerramento do encontro foi presidido pelo presidente do Zanzibar, na Tanzânia. Porque os dois presidentes se focaram tanto nessa actividade? Porque o “petróleo” desses países é o turismo! A Tanzânia apostou seriamente no turismo e prova disso é que o país tem um dos maiores stand africanos em muitas bolsas de turismo no mundo. O sector do turismo na Tanzânia cresceu rapidamente passando de 1,74 bilhões de dólares, em 2004, para 4,48 bilhões de dólares em 2013. Em 2012, mais de um milhão de turistas chegou às fonteiras da Tanzânia. Valor muito superior aos 590 mil turistas registados em 2005. Cerca de 11 por cento dos empregos na Tanzânia estão no sector do turismo (fonte Wikipedia).

Medidas a ser implementadas? Na minha opinião, e tanto quanto sei também é a opinião do nosso Executivo, existem algumas áreas principais e claras que necessitam de ser o foco da atenção. A formação de quadros, investimento (créditos e incentivos) no ramo, simplificação de processo de vistos, alteração do regime de impostos no sector (onde em certos casos existe uma dupla tributação), a promoção e o marketing são algumas dessas áreas. Aspectos importantes pois já existe um Plano Director de Turismo em Angola que define, e bem creio, os nossos produtos-chave no ramo, tal como sol, mar, natureza, cultura, parques nacionais e outras áreas de foco turístico como Kalandula, Pedras Negras, Cabo Ledo, Kissama, Cuando Cubango – Okavango, entre outros. Agora esse plano está na fase de implementação.

Os clientes da Eco Tur são na sua maioria estrangeiros ou nacionais?

Os estrangeiros devem rondar os 50 a 60 por cento do total de clientes da empresa e os nacionais devem andar à volta dos 35 a 40 por cento.

Qual o feedback que a Eco Tur recebe dos seus clientes sobre Angola?

Por norma, depois de cada um dos passeios que realizamos, enviamos um formulário para perceber qual o feedback dos clientes. Na sua maioria, os clientes mostram-se bastante surpreendidos com a qualidade das nossas paisagens, nomeadamente as de Kalandula, Pedras Negras e Kissama.

Existe algum local no país que a Eco Tur gostasse de explorar e, até ao momento, ainda não o tenha conseguido fazer?

Sim. O Parque Nacional da Kangandala, na província de Malanje, considerado o lar e reserva natural da Palanca Negra Gigante.

O que diferencia os serviços da Eco Tur das demais empresas concorrentes?

Em poucas e simples palavras digo que para a Eco Tur o cliente é rei!

Se tivesse que sugerir aos leitores do VerAngola um percurso/expedição pelo nosso país, o que aconselharia?

Evidentemente que isso dependeria do tempo disponível. Se fosse apenas para um dia sem sombra de dúvida que aconselharia um safari no Parque Nacional da Kissama e Rio Kwanza. Desde 1983 que visito o Parque Nacional da Kissama e nunca fico cansado da experiência. Se fosse um passeio de dois dias sugeria uma visita às Quedas de Kalandula, localizadas no rio Lucala, e às Pedras Negras de Pungo Andongo, no município do Cacuso, por ter a possibilidade de experienciar e usufruir dos dois locais da província de Malanje em apenas um só passeio. Se fosse uma expedição de três dias aconselharia o percurso de Kwanza Sul, Porto Amboim, Kumbira, Cachoeiras, Foz do Rio Keve, Grutas de Sassa, Gabela, Quibala Cambambe e com o regresso a ser realizado via Dondo. Uma visita por mais dias terá que incluir forçosamente a zona sul do país e, em especial, as províncias da Huíla e do Namibe.

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