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PR deve apresentar “pensamento económico” e exonerações não travam desemprego, considera economista

O economista Wilson Chimoco desafiou esta Quinta-feira o Presidente da República a apresentar um “pensamento económico” sobre o país para a reestruturação do actual modelo, considerando que a problemática do desemprego e diversificação económica “não está nas nomeações ou exonerações de ministros”.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"O problema da economia angolana relativamente ao desemprego, o ambiente de negócios, mais investimento e a diversificação económica não está em mais nomeação ou exoneração, o problema está exactamente no pensamento económico", disse esta Quinta-feira Wilson Chimoco em declarações à Lusa.

Comentando a nomeação de Victor Hugo Guilherme para o cargo de ministro da Economia e Planeamento, o economista afirmou que o país deve discutir com "frontalidade e franqueza" uma visão económica para se alterar o actual modelo.

"É um pensamento que é macro, estrutural e que deve ser discutido e percebido no seu verdadeiro contexto e aqui, quer queiramos quer não, devemos chamar responsabilidade a quem de direito, que é o titular do poder executivo [Presidente, João Lourenço]", notou.

Chimoco defendeu que João Lourenço "tem de apresentar uma visão do pensamento que deve nortear a economia [angolana] e, com base nesta visão, quem for auxiliá-lo deve seguir [esse pensamento]".

"Porque, se mantiver como está, certamente que o actual ministro [da Economia e Planeamento] há de passar aí por mais alguns meses e depois também é exonerado", observou.

O Presidente pediu "empenho" ao novo ministro da Economia e Planeamento, Victor Hugo Guilherme, para organizar e estruturar a economia, permitindo a redução das importações e a criação de mais emprego para a juventude.

Victor Hugo Guilherme, que exercia o cargo de secretário do Presidente para os Assuntos Económicos, foi nomeado na Quarta-feira para o cargo em substituição de Mário Caetano João, que era o titular da pasta desde 2021.

O novo ministro da Economia e Planeamento é o quinto responsável a ocupar o cargo na governação de João Lourenço, desde 2017.

Para Wilson Chimoco, a economia angolana carece de "reestruturação", que deve ser sustentada pela visão e pensamento económico definidos pelo Presidente com vista, nomeadamente, a alterar as actuais altas taxas de desemprego, sobretudo entre os jovens, considerando este o maior desafio da economia do país.

O economista deu o exemplo da taxa de desemprego da província da Lunda Sul (perto de 60 por cento) e da província do Uíge (11 por cento), para sustentar a necessidade de um "pensamento económico" para o país.

"O que justifica isso é a estrutura produtiva que as duas províncias têm – Lunda Sul está muito concentrada com a exploração de diamantes, enquanto o Uíge está concentrado no sector da agricultura. Ora, é pura e simplesmente uma questão de visão, uma questão de pensamento, reestruturação desta visão que vai alterar completamente a questão do desemprego", argumentou.

Chimoco apontou o ambiente de negócios em Angola, "dos piores que existe no mundo", como fruto da falta de uma visão económica do país, referindo que a actual organização que se regista no sector petrolífero e na banca angolana, "que tem apresentado resultados fabulosos", deveria servir de modelo para a reestruturação económica do país.

No seu entender, a generalidade da economia "tem apresentado desafios, mas há alguns sectores e províncias que se destacam e devem ser objecto de avaliação e análise para replicar nos outros sectores".

Wilson Chimoco elencou o desemprego, a baixa produtividade da economia nacional, a melhoria do ambiente de negócios, o fim da burocracia, a diversificação da economia e a transição energética e inteligência artificial entre os desafios do novo ministro da Economia e Planeamento.

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