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Educação

MED prevê inserção de sete línguas nacionais bantu no ensino a partir do próximo ano escolar

A ministra da Educação, Luísa Grilo, disse, esta Terça-feira, que o ministério pressupõe a introdução, a partir do próximo ano escolar, no ensino primário, de sete línguas nacionais bantu no subsistema do ensino do país, assim que se termine a formação de docentes e a produção de gramáticas.

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Ao discursar na 1.ª Conferência Internacional sobre Línguas de Angola no Sistema de Educação e Ensino, a ministra referiu que se sabe que "para uma pessoa saber ler e escrever é preciso que a ensinem na sua própria língua e não noutra".

"É sabido que para uma pessoa saber ler e escrever é preciso que a ensinem na sua própria língua e não noutra, pois que a pessoa que é ensinada numa língua que não a dela não aprende com a rapidez devida já que tudo o que se lhe ensina será para ela assunto desconhecido. Todo aquele que não conhece a sua língua não entenderá a língua do outro mesmo que a ensinem com rigor", disse a ministra.

Durante a sua intervenção, referiu ainda que a "inserção e a utilização escolar das línguas de Angola no sistema de educação é um imperativo consagrado não só na nossa constituição, mas também na lei de bases do sistema de educação e ensino e da transformação curricular compreendida."

"A tão almejada melhoria da qualidade do ensino passa também por incluir no currículo conhecimentos locais geralmente expressos nas nossas línguas maternas, sendo que em Angola a língua materna de uma criança pode ser uma língua bantu, uma língua não bantu africana ou a língua europeia da herança histórica", acrescentou.

Já a falar à imprensa após a abertura do certame, a governante fez saber que a tutela, em colaboração com outras entidades, estão a fazer tudo a fim de se determinar o modelo da língua a ser leccionado aos estudantes, considerando a variedade das variantes que as línguas apresentam no país.

Luísa Grilo considerou igualmente que para que a introdução destas línguas no ensino ocorra no próximo ano escolar é preciso que os docentes estejam dotados de noções linguísticas e que também consigam leccionar para os estudantes.

Considerou igualmente que não é suficiente falar o Umbundu, Cokwe ou o Kimbundu se desejarem inserir as línguas nacionais no ensino e salientou que é essencial para o êxito a formação dos docentes, entre outros aspectos.

Aproveitou ainda para referir que a tutela, por via do Instituto Nacional de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação (INADE) e em conjunto com o Instituto de Línguas Nacionais (ILN) e o Ministério da Cultura e Turismo, fizeram tudo para se concretizar a conferência, visando a troca de experiências com especialistas nacionais e estrangeiros.

Considerou ainda que esta matéria permitirá aos especialistas nacionais que assinalaram presença no certame recolher informações que ajudem a definir uma estratégia a seguir no procedimento de introdução das línguas no currículo escolar e acrescentou que o certame se constitui em "pontos de partida para muitos projectos e actividades conjuntas entre os dois ministérios, nomeadamente o Ministério da Educação e da Cultura e Turismo em matéria de inserção, utilização e promoção das línguas de Angola no sistema de educação e ensino, baseadas na investigação e em estudos realizados pelas universidades e institutos especializados".

Sobre estas instituições, a ministra argumentou que devem colocar disposição da tutela a "sua produção académica" para "ajudar e consolidar, de forma rápida e segura, o ensino das línguas de Angola, como base de um futuro ensino em línguas de Angola".

De acordo com o Censo concretizado em 2014, o português é falado por mais de metade da população, com cerca de 71 por cento. Segue-se o Umbundu (23 por cento), Kikongo (oito por cento) e Kimbundu (oito por cento).

Dados que Luísa Grilo considerou que "devem chamar a atenção para as assimetrias criadas no uso exclusivo da Língua Portuguesa no ensino".

Por sua vez, Pacheco Francisco, secretário de Estado para a Educação Pré-Escolar e Ensino Primário, considerou que esta introdução das línguas trará esperança e prosperidade ao ensino e aprendizagem.

"Esperamos que os especialistas que participaram na conferência tenham discutido sobre que mecanismos adoptar para a inserção e utilização escolar das línguas faladas em Angola, pois só assim, se retomará o caminho rumo a inserção das línguas que até aqui foram menos usadas no nosso sistema de Educação e Ensino", disse o responsável, citado pela Angop.

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