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Provas escolares ministradas por pessoas alheias ao processo educativo, diz sindicato

O Sindicato Nacional de Professores (Sinprof), que cumpriu esta Terça-feira uma semana de greve, acusou o Ministério da Educação de ministrar provas escolares na ausência dos docentes e com recurso a pessoas estranhas ao processo educativo.

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Uma semana depois do início da greve não houve qualquer encontro com o Ministério da Educação nem há reuniões agendadas, segundo informou o secretário-geral da organização sindical.

Admar Jinguma disse à Lusa que, na Sexta-feira, último dia da greve, o Sinprof vai se pronunciar sobre a situação, salientando que "não há nenhuma reunião negocial agendada, o que pressupõe dizer que a greve vai até dia 16, a data do seu interregno".

"Nós estaremos a partir desta altura a preparar já a terceira fase. Infelizmente, é mais longa, são 30 dias, mas vamos esperar, pode ser que até lá haja algum contacto", referiu.

Admar Jinguma denunciou que nessa fase da segunda paralisação do sector, o Ministério da Educação entendeu orientar as direcções das escolas a ministrarem as provas do primeiro trimestre mesmo sem a presença dos professores.

De acordo com o sindicalista, um número muito reduzido de escolas estão a ministrar provas e, mesmo nestas, nem em todas as turmas, por falta de pessoal.

"As escolas estão a cometer um crime muito grande, um insulto muito grande, mas essa culpa deve ser assacada ao Ministério da Educação, que orientou, porque as escolas não têm pessoas para vigiar as provas, [estão a ser realizadas] sem ninguém a acompanhar, sem ninguém a explicar", sublinhou.

O sindicalista frisou que pessoas estranhas ao processo educativo, nomeadamente guardas, auxiliares de limpeza, parentes de gestores escolares, estão a ser chamadas para vigiar as provas.

"É um espectáculo muito triste, em que se alguém tinha alguma dúvida que aqui não há preocupação com a educação, aí está exactamente a resposta, portanto, não importa quem vai elaborar a prova, não importa quem vai ministrar a prova", disse.

Admar Jinguma sublinhou que as provas não foram elaboradas por professores, mas "por pessoas que não entendem nada das disciplinas", havendo ainda casos de escolas que estão a avaliar os alunos com provas do ano anterior, situação que tem sido narrada pelos mesmos.

"Aqui a ideia é mesmo só vender a imagem perante os seus superiores hierárquicos que baixaram a orientação, de que nas suas escolas foram realizadas provas. É uma ofensa muito grande à nossa própria educação, as pessoas pensam que por conta dos seus cargos podem fazer o que quiserem, mas a educação merece muito mais respeito", salientou.

O secretário-geral do Sinprof destacou a importância do professor para os alunos em tempos de provas, "um conforto para os estudantes", diferente de ter na sala um segurança, um auxiliar de limpeza.

"O aluno, mesmo até quando as coisas estão a correr de forma normal e um outro professor está a vigiar a prova, ele sente-se confortado quando o seu professor aparece na sala, quando o professor aparece é uma alegria muito grande, porque ele sabe que pode tirar as dúvidas, esclarecimentos", observou.

Os professores cumprem a segunda fase da greve, para reivindicação de melhorias salariais e de condições de trabalho.

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