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Activistas sociais defendem reforço de monitorização da segurança alimentar

Activistas sociais e defensores dos direitos humanos angolanos manifestaram-se esta Quinta-feira preocupados com a insegurança alimentar no país e, entre outras estratégias, pedem um reforço do programa da monitorização da segurança alimentar.

: Lusa
Lusa  

A posição foi apresentada em conferência de imprensa por representantes de um grupo de organizações e pessoas singulares, integrados na Plataforma Sul, preocupadas com a situação no sul do país, que unem esforços para ver resolvido o problema da fome "com seriedade e celeridade".

Cesaltina Abreu, pesquisadora angolana, referiu após a apresentação de uma nota de protesto dirigida ao Presidente, João Lourenço, que "relativizou a fome" em Angola, que é fundamental o reforço do programa de segurança alimentar, "mas com verbas significativas".

"Mas o que nós verificamos na proposta de orçamento [2022] é que há um corte. Outra coisa também é incrementar o programa de nutrição, que tem estado sob responsabilidade do Ministério da Saúde", disse Cesaltina Abreu, sublinhando que no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2022 este programa sofreu um corte comparativamente ao orçamento do ano em curso.

Segundo Cesaltina Abreu, é preciso criar as condições para fazer uma relação entre o fornecimento de alimentos que precisam de estar disponíveis nas quantidades e lugares necessários e que sejam culturalmente adequados.

Para a investigadora, o OGE é o único indicador existente para se aferir as intenções do Governo e do ponto de vista da segurança alimentar, "a nutrição foi severamente cortada para 2022".

Por sua vez, a professora e activista social, Cristina Pinto, disse que a situação de fome não se verifica apenas no sul e sudeste do país, mas também em Luanda, capital do país, Porto Amboim, província do Cuanza Sul.

"Uíge, eu tenho recebido notícias que é terrível, cada vez mais pedintes, crianças, mulheres, para sustentarem as famílias e isto é mais que evidente, não podemos negar, é impossível negar isto", afirmou.

Já o secretário-geral da Comissão Episcopal de Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Celestino Epalanga, frisou que a situação da fome está generalizada, salientando que tem andado pelo país.

Celestino Epalanga esteve recentemente em Cazombo, província do Moxico, e lá foi informado que há "muita gente a passar fome".

"Nos veio também um SOS de Cabinda. É de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste, este é o problema da fome, é generalizado. Obviamente o sul de Angola é o mais afectado pelas alterações climáticas e temos estado desde 2012 a trabalhar no sentido não só de denunciar, mas de encontrar também possíveis soluções para mitigar os efeitos das alterações climáticas, mas o Governo não tem dado ouvidos", frisou.

De acordo com Celestino Epalanga, a sociedade civil tem apresentado propostas concretas, que estão na Presidência da República e aguardam há mais de um ano serem recebidos para discutirem o problema.

Sobre o número de mortes já verificadas em consequência da fome, Celestino Epalanga salientou que não há um mapeamento do número exacto e são apontados números esporádicos, sobretudo nos Gambos, província da Huíla.

Por seu turno, a activista social, Laura Macedo, disse que é difícil haver uma estatística do número de mortes causadas pela fome, porque as pessoas não são registadas à nascença e quando morrem são enterradas.

"Da mesma maneira que nascem, as pessoas são enterradas, sem serem reconhecidamente cidadãs, portanto, não há um registo sobre as mortes", sublinhou.

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