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João Lourenço diz que a fome é relativa e volta a falar de autarquias mas sem adiantar datas

O presidente do MPLA deixou várias críticas aos seus adversários políticos e falou sobre a fome, sobre autarquias e sobre a intenção de cumprir no próximo mandato o que ficou por fazer.

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Discursando num acto de massas perante os militantes do partido que governa Angola há 46 anos, no estádio 11 de Novembro (Luanda), João Lourenço envergou as vestes de líder partidário, reeleito na Sexta-feira com 98 por cento dos votos, mas, numa altura em que Angola prepara as eleições de 2022, não deixou de elencar os feitos do seu governo, salientando que "há muitos projectos" que quer concluir no próximo mandato.

Fez uma resenha histórica para destacar a importância do MPLA, que comemora 65 anos, na história de Angola e apontou os méritos do partido – e do seu governo – também nas questões económicas, sublinhando o desafio de abandonar uma economia "quase totalmente estatizada", em que o sector privado começa agora a assumir protagonismo "para pôr a funcionar os activos do Estado que, sendo gigantes, estavam praticamente parados e não cumpriam o seu papel de produzir bens e serviços, mas sobretudo dar emprego à juventude".

Pela positiva, destacou o aumento da produção alimentar, criticando os adversários que, de manhã à noite só cantam uma música: fome, fome, fome. "A fome é sempre relativa", contrapôs João Lourenço, realçando que o país já tem muita produção de bens alimentares.

"Talvez por conveniência própria, talvez por conveniência política convenha repetir incessantemente a palavra 'fome' mas eu diria que o grande problema de Angola, se quisermos ser mais precisos é o pouco poder de compra dos nossos cidadãos resultante dos altos índices de desemprego", que atribuiu a um conjunto de factores, mas sobretudo à covid-19.

"Portanto esses cidadãos que, lamentavelmente se encontram nesta situação de desemprego ou semi-empregados não têm poder de compra para garantir o sustento das suas famílias, mas, de resto a produção agrícola, pecuária e piscatória tem subido todos os dias para os olhos de quem quer ver e é minimamente honesto", sublinhou, acrescentando que é uma responsabilidade que tem sido passada ao sector empresarial privado.

Prosseguindo já em tom de chefe do executivo, João Lourenço disse que o Estado vai continuar a fazer investimento publico, para aumentar a oferta na área da saúde, educação e transportes e que apesar da pandemia e da crise económico-financeira tem vindo a fazer melhorias na oferta de energia e abastecimento de água, prometendo privilegiar uma política de habitação mais próxima das preferências das pessoas do que a que tem sido seguida com as centralidades.

Outro dos objectivos do executivo é o da descentralização, continuou, para que os cidadãos encontrem os serviços essenciais a nível do bairro e da aldeia, uma responsabilidade que será atribuída às autarquias.

"O poder central vai desfazer-se de algumas responsabilidades e vai passá-las para outro tipo de poder, o poder autárquico. Mas enquanto isso não acontece, mesmo que a gente faça eleições a qualquer altura, o poder autárquico vai levar algum tempo para se afirmar e até lá alguma coisa tem de ser feita", disse João Lourenço, indicando que está a ser posto em prática o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), programa de bandeira do executivo.

"Usamos com toda a transparência recursos do Fundo Soberano e criamos o PIIM, os nossos detractores tinham medo do sucesso do PIIM, não queriam que nós resolvêssemos o problema do povo", atirou, realçando que se se deixassem guiar pelos seus detractores e se fossem "fracos de espírito, não existiriam as infraestruturas que o PIIM está a construir no país.

Falou igualmente das eleições de Agosto do próximo ano, reiterando que o MPLA deve trabalhar para garantir "vitoria retumbante nas eleições do próximo ano" e apelou para que todos os eleitores regularizem a situação para poderem exercer o seu direito de voto.

"Tal como dentro dos partidos quem não apresentar a candidatura a tempo fica de fora, quem não se registar a tempo também fica de fora", disse o dirigente garantindo que o partido não vai trabalhar para vencer as próximas eleições "apenas por vaidade", mas para que no próximo mandato possa continuar a fazer aquilo que não foi possível fazer, ou concluir, no presente mandato.

"Há muitos projectos e, se calhar, é mais realista concluir em dez anos do que em cinco anos", destacou já no final do seu longo discurso que durou cerca de uma hora e trinta minutos.

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