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Escolha da palavra do ano 2020 marcada pela pandemia da covid-19

A palavra “pandemia” é comum às listas dos vocábulos candidatos a palavras do ano de 2020, para Portugal, Angola e Moçambique, escolhidos pelo grupo Porto Editora (PE), que abriu esta Terça-feira a votação final ao público, na Internet.

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A covid-19 e o confinamento a que esta tem obrigado, a nível global, desde Março, estão na base da quase totalidade das palavras escolhidas pelas equipas do grupo editorial português, para uma eleição final que, este ano, se estende em simultâneo aos mercados angolano e moçambicano, onde a Porto Editora se estabeleceu através da Plural Editores.

Em Angola, além da pandemia, foi o adiamento das eleições autárquicas, assim como a "instabilidade social", sobretudo durante o estado de calamidade, que impuseram vocábulos como "manifestação" e "violência", de acordo a escolha da equipa de linguistas da Porto Editora.

A lista proposta pela Plural Editores abre com "autárquicas", por causa das primeiras eleições locais em espera, no país, segue com "agricultura", pela procura de investimento no sector, conta ainda com "educação", devido a alterações constantes no sistema, e "manifestação", pelo aumento de protestos.

"Nacionalização", pelo regresso de várias empresas à esfera pública, e "violência", por causa do "excesso de zelo" da polícia, sobretudo nos primeiros meses do estado de calamidade, são outras propostas, às quais se juntam "coronavírus", "pandemia" e "quarentena", directamente relacionadas com a covid-19.

Em Portugal, os casos de racismo e de "discriminação étnica" reflectem-se na lista de palavras candidatas da Porto Editora, como forma de traduzir "a grande preocupação" sobre situações que põem "em causa os valores humanistas".

Este ano, o movimento Black Lives Matter ganhou dimensão internacional, após a morte de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos, ao ser detido por um polícia, exactamente dois meses antes do homicídio do actor português Bruno Candé, morto a tiro numa rua de Moscavide, em Lisboa.

A lista posta a votação 'online' em Portugal inclui os termos "confinamento", "covid-19", "discriminação", "digitalização", "infodemia", "pandemia", "saudade", "sem-abrigo", "telescola" e "zaragatoa".

"Digitalização" resulta das prioridades surgidas no contexto da pandemia, em todos os sectores da sociedade; "infodemia" é um neologismo que conjuga "'informação' e 'epidemia'"; "telescola" e "saudade" regressaram a primeiro plano, no cenário de confinamento.

A perda de rendimento, na actual crise, a "assumir contornos de calamidade", em vários sectores, como o da cultura, colocou de novo o "problema social crescente" dos "sem-abrigo" na ordem do dia, reflectindo-se na escolha.

Já em Moçambique, a situação em Cabo Delgado, no norte do país, levou à proposta da palavra "ataques". A violência armada nesta região dura há três anos e está a provocar uma crise humanitária com cerca de 2000 mortes, e mais de meio milhão de pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na área da capital provincial, Pemba.

A Plural propõe "ataques" e "refugiados", por causa das acções terroristas em Cabo Delgado.

A estas junta "coronavírus", "distanciamento", "emergência", "isolamento", "máscara" e "pandemia", numa relação directa com a covid-19. "Desemprego" surge como consequência da crise sanitária, na base da falência de empresas e de destruição de postos de trabalho. "Mahindra", uma marca de automóveis que se tornou sinónimo de polícia, é outro termo proposto.

A Porto Editora iniciou a escolha da Palavra do Ano, em Portugal, em 2009 e, em 2016, em Angola e Moçambique, através da Plural Editores.

No ano passado, a votação para Angola escolheu "IVA". "Violência" foi a escolhida em Portugal e a de Moçambique foi "reconciliação".

Se quiser votar na palavra do ano para Angola pode fazê-lo até às 00h00 do dia 31 deste mês, no endereço www.palavradoano.co.ao.

Os resultados serão anunciados no dia 4 de Janeiro.

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