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"Esperar para ver": 37 anos depois o poder pode mudar de mãos em Angola

Em Angola ainda se espera por 2017 "para ver" se será desta vez que José Eduardo dos Santos deixa a liderança do país, mas o ano será igualmente de decisões na petrolífera estatal Sonangol, alvo de uma reestruturação financeira.

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O nome do general e ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, para candidato a Presidente da República pelo MPLA nas eleições gerais de 2017 foi aprovado pelo Comité Central, sob proposta de José Eduardo dos Santos, presidente do partido, a 2 de Dezembro.

Contudo, e porque nenhum anúncio oficial foi feito com o nome de João Lourenço, e tendo em conta episódios anteriores, de anúncio de saída do poder de José Eduardo dos Santos que não se concretizaram, em vários círculos da sociedade prefere-se literalmente "esperar para ver".

Aproveitando as mudanças no MPLA, os partidos da oposição vêem as eleições de 2017 com outras ambições. É o caso da UNITA, de Isaías Samakuva, que lidera o maior partido da oposição há quase 15 anos e que pode ter nestas eleições a última hipótese de chegar ao poder.

Além do MPLA, a UNITA tem pela frente uma renovada e cada vez mais popular CASA-CE, uma coligação de partidos liderada por Abel Chivukuvuku, que se apresentou às urnas em 2012 e que em 2017 pretende já concorrer como um único partido, fruto da conversão aprovada em congresso.

De saída de cena em 2017 estará também Manuel Vicente, vice-Presidente da República e antigo presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), até 2012.

Para número dois da lista do partido, e assim candidato a vice-Presidente da República em 2017, seguirá o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, cujo ministério está a coordenar o polémico processo de registo eleitoral.

Ainda na esfera destas relações do poder, a estatal Sonangol será, a par da crise com a quebra prolongada das receitas de petróleo, a grande dor de cabeça do Governo, mas também da sociedade, tendo em conta o universo de 22.000 trabalhadores e de uma dívida que em 2016 deverá ascender a 9.851 milhões de dólares.

"Em 2016, prevê-se que não haverá dividendos para o accionista Estado", apontou já este mês a presidente do conselho de administração, Isabel dos Santos, trançando como urgente uma "reestruturação financeira" de todo o grupo e uma situação pior do que a esperada, quando assumiu funções, em Junho.

A empresária afirmou mesmo que a situação da Sonangol "é bastante mais grave do que o cenário inicialmente delineado", obrigando a "decisões de gestão com carácter de urgência", responsabilizando as administrações anteriores pelo estado actual das contas de petrolífera.

"Fica assim cada vez mais evidente a necessidade de implementar de imediato um programa de reestruturação financeira do grupo para conseguir garantir os compromissos financeiros assumidos até à data", disse Isabel dos Santos, projectando para apenas saídas voluntárias, em regime de pré-reforma.

Além disso, o grupo tinha, à data de 1 de Dezembro, 1100 trabalhadores inactivos a receber pagamentos, no valor de 40 milhões de dólares por ano.

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