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Política

Manuel Vicente fala em nome de Eduardo dos Santos e critica “atalhos para chegar ao poder”

O vice-Presidente angolano criticou a procura de "atalhos para chegar ao poder" em Angola, nomeadamente através da "desordem", à semelhança de revoluções em outros países africanos.

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"Não vale a pena procurarmos atalhos para chegar ao poder político, violando a Constituição e a lei, e provocando a desordem, como está a ocorrer em alguns países africanos", disse no parlamento em Luanda, Manuel Vicente, ao falar em nome de José Eduardo dos Santos no arranque do novo ano parlamentar.

José Eduardo dos Santos esteve ausente e não proferiu o habitual discurso do estado da nação devido a uma "indisposição", anunciada momentos antes da sessão solene desta quinta-feira.

A componente política do discurso era esperada face à possibilidade de referência à situação mediática dos 15 jovens activistas - um deles, Luaty Beirão, está em greve de fome há 25 dias - detidos em Luanda desde Junho por suspeita de estarem a preparar um golpe de Estado e um atentando contra o Presidente angolano, espalhando a desordem na capital, segundo a acusação já deduzida pelo Ministério Público.

"Há entidades estrangeiras interessadas em instalar o caos e a desordem em alguns países do nosso continente, para provocar a queda de partidos políticos ou de dirigentes com os quais não se simpatiza. Os angolanos nunca vão ceder diante de quem quer que seja, sempre que se tratar da defesa dos seus interesses essenciais e vitais. Assim, é fundamental que o nosso povo se mantenha unido e coeso", disse Manuel Vicente, ao ler o discurso de José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979.

Além da situação destes jovens activistas, Angola reagiu com dureza, em Setembro, à aprovação de uma resolução, pelo Parlamento Europeu, criticando a violação de liberdades e direitos humanos naquele país.

Depois de no discurso sobre o estado da nação em 2014, José Eduardo dos Santos ter colocado de parte a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola até 2017 - ano de eleições gerais -, apelando ao parlamento para preparar esse trabalho, o tema voltou, como se esperava, a ser abordado, face às críticas da oposição na demora na marcação do acto eleitoral.

"Temos de convir que a vida provou que é mais sensato concentrarmos a nossa atenção na criação de condições para a organização e realização de eleições gerais com êxito, lisura e transparência, ao mesmo tempo que se preparam as leis e se encetam os passos administrativos indispensáveis para as eleições autárquicas em tempo oportuno", disse ainda.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica devido à forte quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, o que provocou também uma crise cambial, pela redução da entrada de divisas no país.

Por esse motivo, foi enfatizado que a despesa pública a realizar por Angola terá agora de ser "mais eficaz e eficiente", depois de já ter sido cortada em um terço, este ano, devido à crise do petróleo.

"Na actual conjuntura temos de fazer mais e melhor e com menos. Isso significa que temos alterar modelos e práticas de mobilização e utilização de recursos. Na verdade, o Estado, as empresas, as famílias e a sociedade civil, todos temos de eliminar o desperdício e o supérfluo. Todos temos de trabalhar mais e melhor", afirmou o vice-Presidente de Angola.

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