Depois de ter garantido um financiamento de 14 milhões de dólares da agência governamental sul-africana Industrial Development Corporation (IDC), a Minbos obteve também 10 milhões de dólares do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), disse à agência Lusa.
"O Fundo Soberano mostrou um forte interesse porque isto vai ser um factor de viragem para a indústria agrícola em Angola, que deixa de ter de importar fertilizante e o respectivo custo, para além de ser um bem de exportação", vincou o responsável, em Londres, onde participou na FT Africa Summit 2024.
O resto dos 42 milhões de dólares necessários para cobrir o projecto são fundos da própria empresa, que está cotada em bolsa na Austrália mas que criou uma sociedade nas Maurícias para este empreendimento.
Segundo Robertson, o investimento do FSDEA garante 22 por cento do capital no projecto. A empresa está agora em negociações com o Banco BAI para obter capital circulante e serviços financeiros.
"Assim que o dinheiro estiver disponível, vamos colocá-lo directamente na fábrica. Já temos provavelmente cerca de 10 milhões em equipamento que comprámos nos Estados Unidos. Uma grande quantidade de equipamento de processamento já foi importado para Angola e está em armazém neste momento", adiantou.
O director da Minbos disse que a empresa está "desesperada por começar o mais cedo possível [o início da construção] para evitar a época das chuvas, caso contrário vamos atrasar-nos", explicou.
O projecto surgiu de uma descoberta de um depósito de fosfato em Cabinda, enclave mais conhecido por produzir 60 por cento do petróleo de Angola.
A descoberta há vários anos foi feita por uma empresa israelita, mas foi a Minbos que tomou conta do projecto e fez a prospecção da mina de Cácata, situada a cerca de 50 quilómetros do Porto de Cabinda.
A fábrica será localizada em Sunbantando, a meio caminho do porto, e os trabalhos preparatórios já começaram.
A Minbos planeia começar por uma produção anual de cerca de 100.000 toneladas de fertilizante, que espera duplicar em 2026 e continuar a aumentar a capacidade até chegar às 400.000 toneladas anuais nos anos seguintes.
Nos últimos quatro a cinco anos, a empresa tem-se dedicado a fazer ensaios exaustivos com o fosfato que mostraram a sua viabilidade e durante este tempo também negociou a compra de um excedente de energia hidroeléctrica de cerca de 100 a 200 megawatts que vai possibilitar a produção de amoníaco verde.
"Isso será mais um factor de mudança, porque quando entrarmos no amoníaco verde poderemos exportar para o estrangeiro. Cerca de 50 por cento do amoníaco irá para explosivos para a indústria mineira e cerca de 50 por cento para o fosfato, para criar um superfosfato", referiu.