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Angola garante que quer continuar na OPEP apesar das divergências sobre quotas

O representante de Angola na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) disse esta Quinta-feira que o país africano não tenciona sair da organização, depois de a delegação angolana ter abandonado as negociações na noite de Quarta-feira.

: Facebook Sonangol - Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola
Facebook Sonangol - Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola  

"Não há nenhum pensamento nesse sentido" neste momento, disse o representante de Angola na OPEP, Estêvão Pedro, em declarações à agência de informação financeira Bloomberg, na sequência do adiamento da reunião de Quarta-feira do cartel, por divergências sobre o corte nas quotas de produção, em particular dos países africanos.

De acordo com as agências internacionais, a reunião de Quarta-feira foi interrompida e adiada para a próxima Quinta-feira depois de os membros do cartel que representa a maioria da produção de petróleo mundial se terem desentendido sobre as metas de produção para os países africanos, entre os quais estão os lusófonos Angola e Guiné Equatorial, para além da Nigéria.

A Arábia Saudita e os seus aliados queriam impor quotas mais baixas para a produção petrolífera dos países africanos, numa tentativa de aumentar os preços para o próximo ano, mas enfrentam a oposição dos visados, ansioso por aumentar a produção e, consequentemente, as receitas, num contexto de dificuldades económicas na região.

A disputada de Angola com a OPEP pode ser "difícil de ultrapassar", já que o país não quer aceitar uma redução das quotas, considerou a directora da RBC Capital Markets sobre matérias-primas, Helima Croft.

"Estamos um pouco mais inseguros sobre a longevidade da parceria [entre Angola e a OPEP], mas não vemos uma potencial saída como material para o trabalho da organização", acrescentou a analista.

Considerou que, pelo contrário, será mais fácil convencer a Nigéria devido "ao valor que dá à parceria com a OPEP e ao fortalecimento dos laços com a Arábia Saudita", país que foi recentemente visitado pelo novo Presidente nigeriano para angariar investimento externo.

"Adiar uma reunião desta maneira é uma coisa importante, não se faz isto de forma leviana", afirmou Jan Stuart, economista especializado em questões energéticas na consultora Piper Sandler, à Bloomberg.

A divergência de Quarta-feira retoma o desacordo de Junho, quando Angola, a República do Congo e a Nigéria foram forçados pelo ministro da Energia da Arábia Saudita, Prince Abdulaziz bin Salman, a aceitar uma redução no limite de produção para 2024, reflectindo a fraca capacidade dos países africanos, quer de influência, quer de produção petrolífera.

A Nigéria, por exemplo, mostrou que consegue ultrapassar a quota acordada em Junho para 2024, tendo bombeado mais 36 mil barris por dia que o limite, para 1,416 milhões de barris diários, aponta a Bloomberg.

O adiamento da reunião da OPEP teve pouco efeito nos mercados, com o petróleo de Brent para entrega em Janeiro a abrir a sessão nos 81,37 dólares por barril, só ligeiramente abaixo dos 81,96 com que fechou a sessão de Quarta-feira.

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