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Dezenas saem à rua em Luanda contra violência sobre mulheres

Várias dezenas de angolanos saíram Sábado à rua em Luanda numa marcha de "repúdio" pela violência contra as mulheres, perante estimativas que apontam para 170 casos registados por dia em 2016.

Marcello Casal Jr.:

A marcha, realizada no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, juntou na capital homens e mulheres de diferentes origens, desde zungueiras a políticos.

"Mulher não é um saco de pancada", "Maternidade não é um matadouro" ou "Quero ser respeitada" foram algumas palavras de ordem dos manifestantes, que repudiaram a violência e a consequente "desagregação de famílias".

Sob o lema "Parem de matar as mulheres", a marcha organizada pelo colectivo "Ondjango Feminista", percorreu algumas ruas da capital e terminou no Largo das Heroínas, no centro de Luanda, com discursos e testemunhos de casos de violência.

Uma vendedora ambulante recordou que as zungueiras buscam o sustento para a família nas ruas, apelando às autoridades para criarem "locais apropriados para a venda dos respectivos negócios”.

Feliciana Abel, de 20 anos, aproveitou o protesto para denunciar ter sido vítima de espancamento por desconhecidos, que a deixaram em coma durante um mês.

"Era um desconhecido. Raptou-me, estava armado e naquele momento eu pensei que a minha vida tinha acabado. Começou a rasgar a minha roupa, a lutar comigo, bateu-me tanto que fiquei um mês em coma, levei uma surra tremenda e fiquei completamente descaracterizada", recordou.

Jovem artista, também conhecida como "Meduza", Feliciana Abel explicou que deixou de cantar devido ao trauma que ainda carrega, pedindo justiça para o seu caso, até porque, referiu, o agressor continua livre.

"Eu sou mulher, quero a minha liberdade, quero justiça e quero que a polícia encontre o homem que fez isso comigo. Somos livres, somos mulheres, temos os nossos direitos", exortou.

A organização "Ondjando Feminista" defende que o combate à violência contra as mulheres requer a adopção de acções e estratégias coordenadas por parte do Estado e dos seus órgãos, incluindo "leis que efectivamente protejam as mulheres em todos os espaços em que elas se encontram".

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