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Economia

Eaglestone: Angola pode emitir mais 'eurobonds' devido à "procura significativa"

As autoridades angolanas podem lançar novas emissões de dívida nos mercados financeiros em breve devido à procura dos investidores, que foi "bastante significativa", mostrando que o apetite dos investidores por 'eurobonds' africanos "continua intacto", considera a consultora Eaglestone.

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"Acreditamos que esta emissão mostra que o apetite dos investidores por 'eurobonds' africanos continua intacto apesar das condições de mercado cada vez mais adversas para os mercados emergentes", escreveram os analistas da consultora Eaglestone.

Numa nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que a procura dos investidores "bastante significativa" pode levar "as autoridades angolanas a considerarem lançar novos emissões de 'eurobonds' no futuro".

No princípio deste mês, Angola lançou uma emissão de dívida pública de 1,5 mil milhões de dólares a 10 anos, com uma taxa de juro anual de 9,5%, o que compara com os 8,97 por cento aceites pela Zâmbia na emissão de 1,25 mil milhões em Julho, com maturidade de 12 anos, e com a emissão feita no mês passado pelo Gana, que aceitou pagar 10,75 por cento por mil milhões de dólares a 15 anos.

"Como foi dito pelas autoridades angolanas, esta emissão vai permitir ao país ser menos dependente das tradicionais fontes de crédito", diz a Eaglestone, notando que "vale a pena sublinhar que o vice-Presidente de Angola recentemente afirmou que o país espera pedir emprestados 10 mil milhões de dólares nos mercados internacionais para um conjunto de projectos acertados para 2016 e 2017, estando a maioria dos fundos já garantidos".

Entre os empréstimos contraídos este ano, a Eaglestone lembra os 6 mil milhões de dólares da China, os 650 milhões acordados com o Banco Mundial (divididos entre um empréstimo de 450 milhões e mais 200 milhões de garantias), os empréstimos da Société Générale (500 milhões), BBVA (500 milhões), Goldman Sachs (250 milhões) e Gemcorp (250 milhões).

"No total, estes empréstimos devem aumentar a dívida pública em função do PIB para mais de 57 por cento, incluindo quase 15 por cento do PIB da Sonangol, o que representa uma subida significativa face aos 42,2 por cento registados em 2014", conclui a Eaglestone.

Para a analista da Moody's Rita Babihuga, o recurso aos mercados internacionais como mecanismo de financiamento não é um aspecto negativo em si próprio, desde que não seja usado em excesso.

"Se os níveis de dívida e as taxas de juros continuarem geriveis, e como o fluxo de receitas é em dólares, pedir emprestado não é uma coisa má em sim, mas tem de se pensar para onde vai ser canalizado o dinheiro e como é gerido, porque há muitas infra-estruturas com financiamento estrangeiro".

Em declarações à Lusa, a analista da Moody's encarregue de acompanhar a economia angolana acrescenta que Angola fez bem em optar por recorrer não só aos bancos comerciais e institucionais, mas também aos mercados internacionais.

"Dado o nível médio do rendimento, Angola qualifica-se para mais opções, tem um leque alargado de opções de financiamento que os países de rendimento menor não têm; como uma dívida pública em função do PIB baixa e com juros suportáveis, explorar o leque de opções de financiamento para diversificar a economia é uma opção correcta, até porque permite manter a almofada orçamental, mas não se pode deixar a dívida subir para um montante incomportável", concluiu.

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