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Governo quer investir mais em 2016 mas execução pode ficar-se pela metade

O Governo angolano quer aumentar o investimento público em 31 por cento no próximo ano, face ao orçamento previsto para 2015, mas os 815,6 mil milhões de kwanzas anunciados até representam um corte face às estimativas apresentadas há precisamente 12 meses.

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Os números constam da proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2016, que a 17 de Novembro é discutida e votada na generalidade pelo parlamento angolano, prevendo um crescimento de 3,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e um défice nas contas públicas de 5,5 por cento.

O documento prevê 815,6 mil milhões de kwanzas para aquisição de activos fixos, o equivalente ao investimento do Estado, valor que compara com os 622,1 mil milhões de kwanzas inscritos no OGE para este ano revisto em março devido à crise provocada pela quebra das receitas petrolíferas.

Trata-se de um aumento, na estimativa, de 31 por cento, comparado com as contas revistas, contudo, tendo em conta o documento que o Governo preparou há precisamente um ano, com as intenções para 2015, o investimento sofre um corte, neste caso de 27 por cento.

"A questão não é tanto quanto o Governo prevê investir, mas sim quanto executa. E sabemos que face aos anteriores orçamentos [em Angola], a taxa de execução ronda os 50 a 60 por cento ", comentou à Lusa o economista angolano Emílio Londa, após análise do documento.

Nas contas do executivo angolano, o único orçamento com contas finais remonta a 2013, ano em que o investimento executado foi de 1,376 biliões de kwanzas, pelo que a quebra é superior a 40 por cento em três anos, entre o executado e o que o Governo prevê fazer.

"Nós temos estado sempre muito distantes daquilo que é programado, particularmente quando se trata do orçamento para investimento. Nas receitas correntes, a diferença é de 30 por cento, mas no investimento é superior, porque tem sido muito fácil abdicar desse orçamento, o que é um problema muito sério para o potencial de crescimento económico", apontou o economista angolano.

Numa altura em que se agravam as dificuldades da economia nacional, fruto de um ano de crise com a quebra das receitas petrolíferas, Emílio Londa defende a "estabilidade nos projectos de investimento" e em alternativa "cortes na despesa corrente" do Estado. "E aí ainda há muito espaço para aumentar a racionalidade", observou o economista.

Orçado em 6,429 biliões de kwanzas, o OGE de 2016 reduz para metade a previsão do crescimento estimado em Março para 2015, aquando da revisão das contas públicas.

Ainda segundo o documento, e excluindo empréstimos e serviço da dívida, o Estado prevê gastar no próximo ano 4,295 biliões de kwanzas, e cobrar apenas 3,514 biliões de kwanzas.

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