Prestes a inaugurar um novo hotel em Saurimo, capital da província da Lunda Sul, a porta-voz Andra Queirós contou à Lusa como o grupo foi crescendo, desde que o empresário transmontano António Cunha chegou a Angola para explorar as oportunidades de negócio ainda nos anos 1980.
Natural de Caíde de Rei, Lousada, António Cunha teve desde sempre o sonho de ser dono dos seus próprios negócios e fundou aos 18 anos em Portugal a sua empresa de tintas, um negócio já consolidado quando decide vir até Angola avaliar o mercado.
Com o acordo de paz celebrado em 2002, o programa de reconstrução nacional então desenhado para recuperar Angola de quase 30 anos de guerra civil abre as portas do mundo da construção civil ao empresário que ganha, entretanto, a sua primeira obra para estancar ravinas em Saurimo.
Saurimo era e é, tal como outras cidades angolanas, muito fustigada pelas fortes chuvas tropicais que abrem enormes ravinas nos bairros, estradas e áreas limítrofes urbanas, ameaçando casas e pessoas e este tipo de obras acabam por tornar-se num dos focos da actividade do grupo, até hoje.
"António Cunha ia abrindo empresas à medida que identificava nichos de mercado", adiantou Andra Queirós. Foram surgindo restaurantes, um cinema-discoteca, hotéis, consultoras, agências de viagens, alargando o grupo para um total de 30 empresas na actualidade.
A expansão foi também geográfica, com o grupo a progredir, depois de Saurimo, para o Dundo, na Lunda Norte, e mais cinco províncias, mas continuando com maior implantação na zona leste de Angola.
Com um volume de negócios anual a rondar os 85 mil milhões de kwanzas (cerca de 85 milhões de euros), dos quais 70 a 80 por cento gerados nas actividades de construção, o grupo espera este ano atingir uma facturação semelhante, já que "a carteira de obras que sustenta a actividade, é sempre consistente".
Andra Queirós diz que "as coisas têm melhorado desde 2023" e que o objectivo é reinvestir.
"Queremos acreditar que assim irá continuar e que nos próximos anos vamos continuar a reinvestir o dinheiro", sublinhou.
O aparthotel Seven Studios, o mais recente projecto do 7Cunhas, em Saurimo, que contou com um investimento de nove milhões de dólares (8,33 milhões de euros) de capitais próprios, é prova dessa vontade de investir na província.
"A perspectiva é sempre o desenvolvimento da província, se a província crescer, também crescemos", salientou.
Com 24 quartos e seis apartamentos, o empreendimento está orientado para um segmento empresarial, para colmatar a falta de alojamentos existente numa altura em que se intensifica a procura.
"Percebemos que havia muita procura por causa do sector diamantífero, Saurimo é neste momento um centro de abastecimento para toda essa produção diamantífera à volta da Lunda Sul e também da Lunda Norte", destacou a responsável do grupo.
O imobiliário está também nos planos de curto prazo do grupo 7Cunhas, com uma possível expansão do condomínio já existente para uma segunda fase.