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Santos Silva diz que democracia portuguesa deve muito à luta anticolonial em África

O presidente da Assembleia da República de Portugal disse esta Segunda-feira, em Luanda, que a democracia portuguesa deve muito à luta anticolonial em África, destacando a sua interligação recíproca, que levou a libertações diplomática, cultural, artística e criativa.

: Tiago Petinga/Lusa
Tiago Petinga/Lusa  

Augusto Santos Silva, que se encontra em Luanda para participar da 147.ª sessão plenária da União Interparlamentar, falou para estudantes e académicos da Universidade Católica de Angola, sobre as "duas libertações interligadas" de Portugal e Angola.

Segundo Augusto Santos Silva, a interligação entre as duas libertações é evidente, "porque a democracia portuguesa deve muito à luta anticolonial em África".

"Deve muito a Amílcar Cabral, quando Amílcar Cabral sempre dizia que o seu adversário não era o povo português, mas sim e apenas o Governo colonial português e deve muito à estratégia política dos movimentos de libertação, o PAIGC, o MPLA, a FRELIMO [Movimentos de libertação de Cabo verde, Angola e Moçambique]", referiu.

O presidente do parlamento português salientou que aqueles que lutavam em Portugal contra a ditadura "foram companheiros de luta com aqueles que, em Angola e noutras nações africanas lutavam contra a ditadura portuguesa, uma ditadura colonial".

"E essa interligação das duas libertações é muito importante. O 25 de Abril, a revolução democrática em Portugal dá-se em 1974 e do lado português é isso que permite criar as condições para um imediato cessar-fogo e depois para os acordos, conduzindo ao reconhecimento da independência da Guiné-Bissau, proclamada em 1973, e para independência de países como Angola, Moçambique, em 1975", realçou.

Augusto Santos Silva considerou justo que se evoque conjuntamente, o cinquentenário de ambas libertações, a democracia em Portugal e a independência em Angola, realçando que as autoridades angolanas já responderam positivamente ao convite para participarem das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

"Pensamos fazer o mesmo, quando em Novembro de 2025 comemorarem os 50 anos da independência da República de Angola", disse, reiterando que esta dupla libertação é interligada, recíproca, na medida em que uma se ampara uma a outra e contribuem uma para a outra.

"Não teria havido a revolução democrática em Portugal sem o contributo dos movimentos de libertação contra o colonialismo português e também teria sido mais difícil o sucesso inevitável da luta de libertação se acaso a revolução democrática portuguesa demorasse mais tempo", acrescentou.

Além destas libertações históricas, Augusto Santos Silva destacou também a libertação das relações bilaterais e multilaterais, no contexto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

"Nós temos hoje um quadro de cooperação bilateral e multilateral liberto de preconceitos e do peso do passado e construído orientando-se para o futuro, com base em decisões que tomamos sempre por consenso", sublinhou.

A esta segunda libertação, o presidente do parlamento português acrescentou uma terceira, que considerou essencial para a vida, a área da cultura e da criação artística.

Em declarações à imprensa, Augusto Santos Silva considerou muito importante estes momentos de diálogo com académicos e estudantes, que permite também conhecer melhor as realidades que visita, bem como ter um diálogo franco sobre questões de interesse comum.

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