Duarte Pacheco, cujo mandato de três anos termina agora, terá como substituta uma das quatro africanas que concorrem ao lugar, declarando-se "entusiasmado" porque "pela primeira vez" em 130 anos será uma mulher de África a presidir à UIP.
O responsável destacou "à vontade muito grande de vir a Angola", já que há mais de 60 anos que esta reunião de parlamentares não se realizava num país de língua portuguesa.
"Fiquei chocado quando me apercebi que a última vez em que a UIP organizou uma assembleia num país de língua portuguesa ocorreu no Brasil em 1962, eu ainda não tinha nascido", salientou, acrescentando que era preciso "pôr um fim a esta iniquidade" e "contra ventos e tempestades" fazer a assembleia no país de José Eduardo Agualusa, Pepetela, Ondjaki, Anselmo Ralph, Yuri da Cunha e Raul Indipwo.
"Hoje tenho de vos dizer, eu sinto-me um de vós, eu sinto-me angolano e é natural que aqui em Angola seja o local certo para falar de paz", afirmou Duarte Pacheco, destacando que Luanda será durante uma semana a capital mundial dos parlamentos, com mais de 1500 participantes vindos de mais de 130 países.
"Os angolanos sabem quanto a paz é fundamental para assegurar o desenvolvimento económico e social que todos nós ambicionamos para os nossos países", prosseguiu o deputado, lembrando que os angolanos sentiram na pele o que e viver em guerra, atrasando o investimento e o progresso na educação ou na saúde.
"Mas com paz tudo é possível, com paz é possível voltar a ter a esperança e acreditar que o futuro tem oportunidades", enfatizou o responsável da UIP, acrescentando que "é bom estar em Luanda a falar de paz" quando as notícias da guerra ocupam todos os noticiários e preocupam todos os cidadãos.
Duarte Pacheco falou em inglês sobre os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente, exortando a UIP também a participar na procura de soluções, mas apontou também guerras civis, terrorismo e os golpes de Estado em África "que fazem sofrer os mesmos de sempre, os mais pobres e vulneráveis" e alertou para os riscos do crescimento dos movimentos populistas, racistas e xenófobos e utilização das novas tecnologias "de forma contrária ao ideal democrático".