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Dinheiro encontrado nas malas de Lussati não saiu da Casa de Segurança do PR, diz general Kopelipa

O general 'Kopelipa', antigo chefe da Casa de Segurança de José Eduardo dos Santos, negou esta Quarta-feira actos ilícitos praticados através daquele órgão, instando a justiça a investigar “de onde saiu o dinheiro de Lussati”, actualmente em julgamento.

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O 'caso Lussati', em que estão envolvidos 49 arguidos, tem como rosto visível o major Pedro Lussati, afecto à Casa Militar da Presidência da República, tido como cabecilha do grupo, que foi detido na posse de milhões de dólares, euros e kwanzas guardados em malas, caixotes e em várias viaturas.

Esta semana eram aguardados com expectava os testemunhos de generais, como Hélder Vieira Dias 'Kopelipa', arrolado entre as duas centenas de testemunhas do processo que decorre no Centro de Convenções de Talatona.

Citado pelo Novo Jornal, 'Kopelipa', que liderou a Casa de Segurança do Presidente da República (à época, José Eduardo dos Santos) por 22 anos, negou ter conhecimento de actos ilícitos e assegurou que todas as actividades eram legais e supervisionadas.

"Nunca tomei conhecimento, enquanto exerci as minhas funções, que na Casa de Segurança do PR haviam desaparecido verbas. Até onde sei, nunca houve desaparecimento de dinheiros", disse o general, citado no site online do jornal angolano.

'Kopelipa' negou ainda ter conhecimento da existência de trabalhadores "fantasmas" e pagamento de salários a activistas ou financiamento de partidos políticos (nomeadamente o Movimento de Libertação Popular de Angola - MPLA), como disseram outras testemunhas.

O general afirmou também que a Casa de Segurança pagava aos seus funcionários apenas em kwanzas, e não usava euros nem dólares.

Sobre os milhões encontrados na posse de Pedro Lussati, 'Kopelipa' garantiu, segundo o Novo Jornal, que o dinheiro não saiu da Casa de Segurança e desafiou a Justiça a "investigar de onde saiu o dinheiro".

Na Segunda-feira, o coronel Manuel Correia, co-arguido do 'caso Lussati', disse no tribunal que entregava mensalmente malas de dinheiro nas residências do general Eusébio de Brito, general na reserva das Forças Armadas Angolanas (FAA), que era, à data dos factos, comandante da região militar do Cuando Cubango e foi, anos depois governador de Cuando Cubango, sul do país.

Manuel Correia, um dos 49 arguidos deste megaprocesso, disse a 2 de Setembro, durante o seu interrogatório, que entregava "várias vezes" malas de dinheiro, com cerca de 25 milhões aos generais Eusébio de Brito e António Mateus Júnior de Carvalho 'Dilangue'.

Na Segunda-feira, Eusébio de Brito, ouvido na qualidade de testemunha, negou as acusações e disse que toda a logística, questões administrativas e financeiras do batalhão do Cuando-Cubango eram da responsabilidade do seu comandante, Manuel Correia.

A acusação do Ministério Público (MP) refere que vários civis entre funcionários do Banco de Poupança e Crédito (BPC), funcionários do governo do Cuando Cubango e inclusive "funcionários fantasmas" estavam inseridos na folha de salário do batalhão.

Os arguidos, entre os quais oficiais das FAA e civis, são indiciados dos crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, participação económica em negócio, abuso de poder, fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior e outros.

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