Em declarações à Lusa, à margem da apresentação do estudo "Banca em Análise 2022, José Barata salientou que os resultados da banca, que aumentaram 295 por cento no ano passado para 592.402 milhões de kwanzas, aproveitaram a "boleia" da redução das imparidades graças à melhoria do 'rating' da dívida pública.
"Isso ajudou em muito o resultado dos bancos", disse o responsável da consultora, explicando que se trata de um evento que não é repetível, associada à "drástica" redução dos resultados cambiais.
Por isso, salientou, "os bancos tem necessidade de rever o seu modelo de negócio porque aquilo que foram as alavancas do passado não vão ser as do futuro".
Actualmente, operam no sistema financeiro nacional 25 bancos, que, segundo José Barata, só poderão manter-se "se forem à procura de novos clientes e aumentarem a bancarização".
"Ou procuram novos nichos de negócios ou não vai ser possível existirem tantos bancos a fazerem as mesmas operações, para os mesmos clientes. Vão ter de pensar o seu modelo de negócios, o que pode passar por operações de concentração", sugeriu.
Realçou que, num país em ajustamento como Angola, em que a classe dominante tem baixos rendimentos, este é um segmento que tem sido descurado.
"[Esta classe] também consome, a questão está em como chegar a eles, não pode ser com a mesma presença física", sublinhou o responsável da Deloitte, destacando a necessidade dos bancos fazerem investimentos tecnológicos significativos.
"Não podemos achar que está tudo bem, porque existem nuvens no horizonte", concluiu.
O estudo da Deloitte analisa em detalhe os 25 bancos que operam no sistema financeiro angolano, tendo em conta a performance em vários indicadores financeiros.
