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Opinião A Opinião de Janísio Salomão

É possível fazer poupança em Angola?

Janísio Salomão

Mestre em Administração de Empresas, Consultor Empresarial e Técnico Oficial de Contas

Para entendermos importa primeiramente apresentar o conceito de poupança: Por poupança pode-se depreender a parcela do rendimento auferido ou recebido que não é consumido ou gasto e é utilizado para um momento posterior.

Jonathan Ross:

A poupança tem uma forte co-relação com o investimento ou aplicação, já que as instituições financeiras - as entidades autorizadas a cuidar da nossa poupança - podem canalizar estes recursos para potenciais investidores, originando assim o investimento.

Para a economia, poupança é um conceito amplo, pois refere-se a receita que não é destinada toda ao consumo.

Para que haja poupança, existem uma série de variáveis que influenciam positivamente ou negativamente. 

Por exemplo em situações de altas taxas de inflação (25%) de acordo o Instituto Nacional de Estatística (INE), desvalorização do kwanza em mais de 50%, redução do poder de compra, torna-se difícil falar em poupança ou mesmo fazer poupança, embora não possamos dizer que a situação seja uniforme para todos, mas pelo menos, aplica-se para maioria dos angolanos.

Outrossim, a educação para poupança é uma outra ferramenta preponderante para a o fomento da poupança, o modelo curricular existente quer para o 1 ciclo ou 2 ciclo secundário, mesmo o ensino superior nada aborda sobre o assunto ou apresenta linhas de ensino para a poupança, para não referir a educação familiar, em que pouco ou mesmo quase nada se aprende sobre o assunto.

Algumas iniciativas vão sendo dadas com o fito de abordar tal temática, com a introdução do programa de educação financeira desenvolvido pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e o programa "Bankita", que permite abertura de contas com valores ínfimos a partir de 100 kwanzas.

Quanto maior for o rendimento do indivíduo maiores são as probabilidades para poupar e, quanto menor for o rendimento dificilmente existirá poupança.

O rendimento mínimo nacional em Angola é de 15-22 mil kwanzas, o que não constitui um factor estimulador para a poupança, pois grande parte das famílias que o aufere, consome-o todo e, caso não tenha uma gestão parcimoniosa, acaba por entrar num ciclo de endividamento para poder satisfazer as necessidades básicas.

Do mesmo modo que, mesmo em períodos de crise exista quem consiga poupar, embora em números reduzidos, a poupança tem de ter origem no rendimento, para podermos considera-la efectivamente como poupança, porque ela vem em grande parte das famílias e das empresas.

É um desafio em Angola falar de poupança, pois o contexto actual do país influência negativamente para o estimulo da poupança outrossim, as taxas de remunerações das aplicações (depósitos a prazos) continuam ainda muito baixas quando comparadas com as taxas dos empréstimos (créditos).

Devemos inverter todos estes cenários que, quer de uma forma positiva ou negativa, exercem influência negativa para impulsionar a poupança.

Contudo, estamos a dar os primeiros passos para a poupança com a massificação ou introdução de temas que abordem sobre a importância da poupança, razão pela qual podemos dizer que é difícil fazer poupança em Angola.

Opinião de
Janísio Salomão

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