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Empresários angolanos pedem transparência e placas em português nas obras chinesas

Empresas chinesas preparam-se para construir e reabilitar mais de 2200 quilómetros de estradas em Angola, mas os industriais nacionais exigem "transparência" neste processo e obras identificadas em português e não em mandarim, como até agora.

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Em causa estão as dúvidas da Associação Industrial de Angola (AIA) sobre estas obras, a realizar por empresas chinesas, por serem financiadas pela Linha de Crédito da China (LCC), mas com estas obrigadas a subcontratar empresas angolanas.

"Queremos ver placas. Quem é a empresa construtora, quanto custa a obra, quando começa e quando acaba. É assim que se faz quando se faz com transparência em qualquer parte do mundo", afirmou, em entrevista à Lusa, o presidente da AIA, José Severino.

Apesar de obrigadas à subcontratação local, a AIA prevê que as grandes empresas chinesas a que o Estado já começou a adjudicar estas empreitadas recorram apenas a empresas mais pequenas, já instaladas em Angola, mas também chinesas.

"Costumamos dizer que quem não tem cão, que é o fiel amigo, caça com gato. Mas aqui nós temos é um dragão. E obviamente que somos todos caçados e engolidos", criticou o líder dos industriais.

O plano operacional da LCC a Angola, elaborada pelo Governo com as obras a realizar pelas empresas chinesas ao abrigo deste financiamento, avaliado em 5,2 mil milhões de dólares, prevê 155 empreitadas em vários sectores. Só para a área da construção estão previstos neste plano 33 projectos, que totalizam 1,2 mil milhões de dólares para 2242 quilómetros de estradas.

"Com o propósito de promover a circulação de pessoas e bens criando ímpeto no crescimento do país, definiu-se a construção e reabilitação de estradas que abrangem a ligação da zona leste e sul do país, sendo a destacar a estrada que liga Zaire ao Uíge ", lê-se no plano operacional da LCC.

Com grande parte destas empreitadas já adjudicadas pelo Ministério da Construção, José Severino pede uma "aposta na fiscalização", face ao "grande esforço" do Estado na reabilitação de estradas "que deviam durar mais tempo".

"Mas se vamos ter placas chinesas, pelo amor de Deus. Eu não tenho obrigação de falar mandarim, os chineses é que têm obrigação de falar português, que é a nossa língua oficial. Custa-me muito ver na via pública avisos em mandarim, isso é uma agressão à nossa soberania", enfatiza José Severino.

Desde o fim da guerra civil a China já terá disponibilizado mais de 12 mil milhões de dólares em empréstimos a Angola, para obras no âmbito da reconstrução nacional, realizadas por empresas chinesas.

Ainda assim, o presidente da AIA admite que as empresas chinesas podem ser "parceiros úteis" das congéneres angolanas. "Mas dentro de regras que todos nós conheçamos", concluiu.

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