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Economia

Economistas da Bloomberg antecipam apenas metade do crescimento previsto por Angola

A agência de notícias financeira Bloomberg publicou um artigo comparando os efeitos da descida do preço do petróleo em Angola e na Tanzânia, concluindo que o país lusófono deverá crescer apenas metade do que o Governo prevê.

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"O Governo prevê um défice de 6,2 por cento do PIB em 2015, o que é baseado numa risonha projecção de crescimento económico de 6,6 por cento, o que compara com a média de 3,1 por cento prevista pelos economistas ouvidos pela Bloomberg em Agosto e Setembro", escreve a agência de notícias financeira num artigo de análise que compara Angola e Tanzânia.

"Angola e Tanzânia adiaram ambos os planos para emissões de dívida nos mercados internacionais este ano, e quando voltarem aos mercados vão dar aos investidores uma oportunidade de diversificação dos seus portefólios", escreve a Bloomberg num texto em que analisa os efeitos do petróleo barato nos dois países.

"Os dois países têm exposições diferentes aos preços da energia, enquanto o importador Tanzânia beneficia da descida nos preços, Angola está a debater-se com a redução da despesa pública no seguimento de um forte declínio nas receitas dos hidrocarbonetos", escreve a Bloomberg, notando que, no geral, o mercado de emissões de dívida pública dos países da África subsariana está em queda.

"O mercado de títulos de dívida da África subsariana falhou o regresso ao ímpeto no terceiro trimestre, o que acontece principalmente por causa da queda no preço das matérias-primas, o que por seu turno gerou uma venda de títulos que empurrou os juros exigidos pelos investidores para a casa dos dois dígitos nos casos do Gana e da Zâmbia", escreve a Bloomberg.

Nem Angola nem a Tanzânia são novatos nos mercados internacionais da dívida, escreve a agência de notícias financeiras, lembrando que Angola já emitiu mil milhões em 2012, e a Tanzânia 600 milhões no princípio de 2013.

Na análise sobre o panorama económico e financeiro em Angola, a Bloomberg considera que o país enfrenta um período de preços baixo mais prolongado que durante a crise financeira de 2008, altura em que deixou atrasar os pagamentos do Estado em mais de 10 mil milhões de dólares.

Agora, no entanto, o Banco Nacional de Angola permitiu a desvalorização do kwanza em cerca de 25 por cento, e o Governo cortou mais de 50 por cento na despesa no primeiro trimestre deste ano face ao homólogo, o que até permitiu apresentar um excedente orçamental apesar da quebra de 29 por cento nas receitas, "mas é improvável que isto possa ser mantido", alerta a Bloomberg.

Na análise, escreve-se ainda que "Angola já não está a bombar", argumentando-se que a mudança para défices gémeos - orçamental e externo - projectados para este e o próximo ano levou as três agências de 'rating' a descerem a avaliação, ao mesmo tempo que a dívida pública deve disparar para 57 por cento do PIB este ano e o défice externo também deve subir.

Estas pressões económicas, de resto, "podem complicar a transição do poder político no MPLA", mas os investidores podem beneficiar do aumento previso da produção de petróleo para 1,8 milhões de barris por dia este ano, "mas o objectivo das autoridades de aumentar a produção até aos 2 milhões por dia até 2017 é provável que seja complicado dado o declínio da produção nos poços mais antigos".

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