Instalada no município de Cacuso, a 75 quilómetros da cidade de Malanje, a Biocom é um dos maiores projectos agro-industriais do país, liderada pelo grupo brasileiro Odebrecht, que detém 40 por cento do capital da sociedade, na mesma percentagem do grupo Cochan e ainda com a petrolífera estatal Sonangol (20 por cento).
Fundada e presidida pelo general angolano Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino", a Cochan tem participações em empresas que operam nos sectores da distribuição, combustíveis e telecomunicações em Angola.
O projecto Biocom - Bionergia de Angola, assenta na produção de açúcar e etanol, mas também de electricidade para consumo próprio e escoando o excedente para a rede eléctrica nacional.
Através do decreto presidencial 193/15, o Presidente angolano autorizou agora o ministro das Finanças a negociar com a Biocom os termos e as condições apresentadas pelos bancos para o financiamento de 210 milhões de dólares, bem como a emissão da garantia soberana em nome do Estado, referente a 100 por cento do valor a contratar pela sociedade.
Um outro despacho, de 20 de Outubro de 2014, previa a emissão de uma garantia soberana sobre 70 por cento do valor a contratar pela Biocom junto da banca, então estipulado, no total, em 300 milhões de dólares.
Na mais recente decisão, o Presidente angolano justifica a emissão desta garantia com a criação do polo agro-industrial de Capanda (Malanje) e a atracção de empreendimentos "de grande porte" para aquela região, visando o desenvolvimento do sector agro-pecuário.
Recorda que aquela sociedade assume um "papel estratégico", enquanto empresa âncora, para "fomentar a estrutura da cadeia produtiva na região" e fornecer energia eléctrica para "consumo industrial e doméstico" à região.
Em causa está um investimento global que ronda os 750 milhões de dólares, segundo contrato de financiamento assinado em Luanda, com a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP) de Angola, em Agosto de 2014. O empreendimento é classificado pelo Executivo como importante "para a redução do défice energético existente na região de Malanje e Sistema Norte, assim como na diversificação das fontes energéticas existentes".
A produção de electricidade - cerca de 120 MegaWatts (MW), a injectar na rede pública - arranca este ano, segundo informação anterior da administração da Biocom. Em paralelo, arrancou a produção de 18.000 toneladas de açúcar e de três mil metros cúbicos de etanol, em termos anuais.
Para 2019, perspectiva-se uma produção anual de 256 mil toneladas de açúcar e de 30 milhões de litros de etanol, além de energia eléctrica que será utilizada para o reforço da linha de alta tensão de Capanda/Cacuso, abastecedora do município e da cidade de Malanje.
A Biocom conta com uma área de 411.000 hectares, sendo 293.000 destinados ao desenvolvimento agrícola e florestal. Possui igualmente uma área de protecção ambiental de 102.000 hectares, das quais 5.000 com ocupação humana, em 188 bairros.