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Angola espera que preços do petróleo voltem “rapidamente” a níveis de 2014

O Governo angolano prevê que o preço do petróleo volte rapidamente a subir para níveis de 2014, e portanto qualquer concessão à indústria petrolífera será uma perda a médio prazo, disse o consultor Jorge Abreu.

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"Principalmente do lado do Governo, há a ideia de que as crises no petróleo são cíclicas, que estamos numa fase baixa como estivemos em 2008 e 2009 e que no futuro mais ou menos próximo o preço vai melhorar e tudo o que se fizer hoje para tornar os contratos mais atractivos será uma perda de receita futura do Estado", explicou à Lusa o antigo vice-presidente da francesa Total em Angola.

Para Jorge Abreu, esta divergência de interesses entre a vontade das petrolíferas terem melhores condições para operar tendo em conta a descida das margens, e o receio do Estado em oferecer melhores condições torna complicada a relação entre as duas partes em tempos de redução no preço, e pode explicar a razão de algumas companhias em Angola terem publicado reclamado melhores condições para operar no país.

"Entre as declarações de intenções e a concretização das negociações, considerando que os interesses são divergentes, é um pouco complicado, porque em 2008 o petróleo também estava a 45 dólares, mas subiu rapidamente e ao fim de dois anos estava na faixa dos 100", diz Jorge Abreu, mostrando-se convencido, no entanto, de que esse cenário não se vai repetir e que Angola vai mesmo ter de viver com o petróleo barato.

"Há a possibilidade de o Irão invadir o mercado com mais petróleo depois do fim das sanções, que a Arábia Saudita continue determinada em manter a quota de mercado na OPEP, e os sinais de baixa de produção pelos custos elevados do petróleo de xisto começou agora a fazer baixar a produção, por isso tudo isto leva-me a dizer que 2016 vai ser melhor que 2015, mas não muito melhor; o equilíbrio [nos preços] será mais demorado do que o conseguido depois da crise de 2008".

Certo é que os interesses das duas partes, divergentes desde o início, são agora mais vincados devido à descida do preço e à quebra quer nas margens de lucro das empresas, quer nas receitas do Estado: "As empresas aproveitam as dificuldades para levar o Governo a melhorar as condições fiscais e financeiras dos contratos, mas por outro lado o Governo, como tem baixa de receitas, está a tentar outras fontes de receita fiscal, como aplicar taxas de consumo sobre os combustíveis", analisa o consultor.

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