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Petróleo: preço por barril nos 80 dólares dá mais retorno que a 110

O vice-presidente da consultora energética IHS considera que o petróleo barato aumenta o retorno financeiro para os accionistas das petrolíferas porque as empresas se focam na eficiência em vez de no aumento da produção.

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"A indústria estava a perseguir barris, agora está a procurar eficiência", sintetiza o vice-presidente da consultora IHS, especializada em questões energéticas, em declarações citadas pelo Financial Times.

Na base do argumento de Daniel Yergin, um dos mais reputados analistas do mercado petrolífero, estão os números sobre os dividendos entregues aos accionistas petrolíferos durante os últimos anos.

O retorno médio sobre o capital investido nas maiores petrolíferas europeias e norte-americanas caiu de 21 por cento em 2000 para 11 por cento em 2013, apesar de o preço de referência para o barril de crude ter aumentado de 29 para 109 dólares nesse período, porque a subida dos custos mais do que anulou o aumento das receitas.

Assim, escreve o FT, a pressão dos investidores está a obrigar as empresas a serem mais disciplinadas com os gastos e a aumentar a distribuição de dividendos, um processo que começou antes do Verão passado, e que a descida do preço do petróleo só veio acelerar.

O director executivo da Total, a petrolífera francesa, assume que "é preciso olhar este período desafiante [de preços baixos] como uma oportunidade para limpar a nossa indústria", o que no caso da petrolífera francesa, significa fazer o ponto a partir do qual as receitas compensam os custos descer de 110 para 70 dólares por barril.

Segundo Patrick Pouyanné, todos os dirigentes da indústria petrolífera percebem a importância do momento: "Posso garantir que é muito mais fácil mobilizar a empresa para a mudança quando o barril está nos 50 dólares do que quando estava nos 110 dólares", disse numa conferência sobre o sector.

Para os dirigentes petrolíferos, uma das maneiras de fazer os custos descer é harmonizar os procedimentos e os equipamentos usados de forma a que sejam utilizados por mais empresas, e assim permitam aos fornecedores ganhar escala e, com isso, descer os preços.

Em Angola, por exemplo, a Total já conseguiu poupar com esta ideia: no ano passado, o projecto Kaombo foi orçamentado em 12 a 13 mil milhões de dólares, mas quando as propostas dos fornecedores foram apresentadas, o preço tinha subido para 20 mil milhões, o que inviabilizava dar 'luz verde' ao projecto.

Depois de um "intenso exercício de optimização", a Total conseguiu descer o preço para os 16 mil milhões, o que, apesar de ser maior do que o inicialmente orçamentado, foi o suficiente para garantir que o projecto avançava.

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