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CIVICOP entregou ossadas de 30 cidadãos mortos nos conflitos na aldeia do Indungo

Os restos mortais de 30 cidadãos mortos em 1977 na aldeia do Indungo (município do Cubango, província da Huíla) foram entregues, esta Quinta-feira, pela Comissão para a Reconciliação e Memória das Vítimas de Conflitos Políticos (CIVICOP), às respectivas famílias.

: Facebook Governo Provincial Da Huíla
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Segundo um comunicado do governo provincial da Huíla, a que o VerAngola teve acesso, a comissão também entregou as certidões de óbito aos familiares, cujos funerais se realizam este Sábado no Indungo.

João Ernesto dos Santos "Liberdade", ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, presidiu a cerimónia, que contou ainda com a presença do governado da Huíla, Nuno Mahapi, bem como o secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas, entre outros.

Na ocasião, o governador provincial considerou que este acto se assume como um "reconhecimento da memória daqueles que contribuíram para a construção" da província.

"Este acto é um reconhecimento da memória daqueles que contribuíram para a construção da nossa província, cujas vidas, sacrifícios e as histórias daqueles que vieram antes de nós, foram parte fundamental da nossa trajectória", apontou, citado numa nota do governo provincial.

Nuno Mahapi disse ainda que, por essa razão, as ossadas devolvidas "à terra simbolizam, não apenas o retorno aos seus lares ancestrais", mas também o "compromisso com a justiça e a verdade".

O ministro da Defesa Nacional também falou no âmbito do acto, decorrido na cidade do Lubango. "Recordamos o trágico episódio registado no dia 4 de Setembro de 1977, em que foi posta à prova a determinação e a bravura dos habitantes da aldeia de Indungo, que num contexto de guerra civil pós-independência travaram um forte confronto com as tropas das ex-FALA, resultando na morte de mais de três dezenas de habitantes, incluindo mulheres e crianças", realçou, citado pelo Jornal de Angola.

Segundo João Ernesto dos Santos "Liberdade", as circunstâncias desse momento obrigaram a que as vítimas fossem enterradas em valas comuns, "mas a cultura africana de que somos parte reserva um tratamento próprio aos mortos e um dever moral para os enterros condignos àqueles que nos deixam".

O ministro informou ainda que alguns familiares e habitantes de Indungo solicitaram à CIVICOP no sentido de obter o suporte do Estado na busca e identificação das ossadas, tendo acrescentado: "Considerado o referido acto como uma forma de enxugar as lágrimas pelas amarguras vividas na altura, a petição foi atendida e as subcomissões da comissão realizaram uma tarefa árdua de localização e exumação dos corpos, em que vários exames laboratoriais foram necessários para a devida confirmação".

Segundo o titular da pasta da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, os resultados possibilitaram uma identificação eficaz das ossadas ora entregues.

"O acto permite que as famílias fiquem com os ânimos mais tranquilos e os espíritos apaziguados, por terem a oportunidade de sepultar condignamente os seus entes queridos", referiu, citado pelo Jornal de Angola.

Entre outros aspectos considerou que o "país tem desenvolvido uma acção que não divide a sociedade, tão pouco reabre as feridas do passado".

"Por isso, reiteramos o apelo que se tem feito, que é hora de abraçar e perdoar cada angolano, e aqui a prioridade deve ser a construção da paz e do perdão, incluindo a construção de um novo rumo baseado na concórdia", acrescentou.

"As demais famílias que pretendam encontrar os restos mortais dos seus parentes falecidos em consequência do conflito passado, devem dirigir-se aos laboratórios centrais de criminalística para o efeito", disse ainda, citado pelo Jornal de Angola.

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