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Lloyd Austin diz que África precisa de líderes civis que respeitem os direitos humanos

O secretário da Defesa norte-americano defendeu esta Quarta-feira que África precisa de líderes civis e os países africanos devem traçar os seus próprios caminhos em vez de “estranhos que tentam tomar” o controlo do continente.

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Lloyd Austin discursou esta Quarta-feira no Arquivo Histórico de Luanda perante uma audiência que incluía ministros, representantes do corpo diplomático e outras individualidades, no final da sua primeira viagem a África e depois de passar por Djibuti e pelo Quénia.

Na visita a Angola, a primeira de um secretário de Defesa norte-americano, destacou que o país se tornou "um parceiro altamente estimado" pelos EUA e um líder "em ascensão na região e além".

"Portanto, estamos a aprofundar a nossa cooperação com o Governo na modernização militar, formação, segurança marítima e prontidão médica", frisou, manifestando empenho no trabalho conjunto em áreas como manutenção da paz, alterações climáticas, serviços de inteligência e cooperação espacial.

Para Lloyd Austin, o "fio condutor" que atravessa estas áreas é o "interesse comum numa África segura, resiliente e aberta", garantindo que os Estados Unidos não tomam estas parcerias como garantidas.

"Os povos de África merecem traçar os seus próprios caminhos soberanos. E não estamos a pedir aos países africanos que escolham outro lado que não o seu", vincou o responsável da Defesa.

"África merece mais do que estranhos que tentam tomar o seu controlo sobre este continente. E África merece mais do que autocratas a vender armas baratas, a empurrar forças mercenárias como o Grupo Wagner, ou a privar de cereais pessoas famintas de todo o mundo", acrescentou.

Lloyd Austin assinalou, ainda, que os países africanos precisam de instituições reactivas, transparentes e lideradas por civis, que respeitem os direitos humanos e defendam o Estado de direito.

"África precisa de líderes civis que se mantenham fiéis aos seus cidadãos, dando ouvidos às suas vozes", frisou o alto responsável norte-americano.

Por isso, continuou, os Estados Unidos estão empenhados em apoiar políticas que "promovam a paz, a segurança e a governação democrática", num momento de "profundo desafio" para a democracia em África.

"Em todo o continente, temos visto autocratas a comprometer eleições livres e justas e a impedir transições pacíficas de poder", afirmou, salientando que, "quando os generais anulam a vontade do povo e colocam as suas próprias ambições acima do Estado de Direito, a segurança sofre e a democracia morre".

Lloyd Austin sublinhou que África precisa de forças armadas que sirvam os seus cidadãos, e não o contrário, e que os EUA vão continuar a investir em forças armadas profissionais e lideradas por civis.

"Trabalharemos em conjunto para aprofundar as normas contra o derrube de governos democráticos", frisou.

Lloyd Austin destacou a importância de África para os Estados Unidos, mostrando-se optimista quanto ao futuro do continente.

Focou-se na Defesa, sublinhando que as forças militares norte-americanas interagem com os seus parceiros africanos, "de forma a tornar o continente e o mundo mais seguro, livre e justo", e querem aprofundar as relações de defesa "com base na igualdade e respeito mútuo".

"Estamos a juntar-nos a novos parceiros e a construir novas coligações para nos opormos à agressão e defendermos a soberania", declarou, assegurando que os EUA querem capacitar os seus parceiros para encontrarem soluções locais para os perigos que enfrentam.

Estas ameaças incluem o extremismo violento, a pirataria, as vulnerabilidades cibernéticas e as catástrofes climáticas, "agravadas por uma governação ténue, instituições predatórias ou pobreza persistente", apontou.

Entre as parcerias realçou a cooperação em matéria de segurança marítima e o papel do Africom (Comando dos Estados Unidos para África) no combate às organizações extremistas, como o Al-Shabaab ou o Estado Islâmico (ISIS).

"Estamos a aprofundar a nossa cooperação antiterrorista com o Quénia, Marrocos, Tunísia, Djibuti e muitos outros países", disse Lloyd Austin, acrescentando que os Estados Unidos apostam também na prevenção dos conflitos.

"Um dos nossos principais parceiros neste domínio é Moçambique, cujo presidente recebi no Pentágono na semana passada", afirmou, abordando os Acordos de Paz de Maputo, que procuraram pôr fim a um surto de violência extremista que durava há anos, "um trabalho que está longe de estar concluído".

"Mas é um exemplo inspirador de como um país pode passar de um cessar-fogo frágil para uma estabilidade duradoura", reforçou.

A cooperação estende-se também à segurança cibernética "para ajudar os países africanos a combater a maldade digital da desinformação externa", exploração espacial, saúde e alterações climáticas, acrescentou.

Lloyd Austin deu também destaque aos males da escravatura, a primeira ligação entre os Estados Unidos e Angola.

"Os horrores da escravatura farão sempre parte da história comum dos nossos dois países. E nunca os devemos esquecer", observou, notando que o oceano que outrora transportou pessoas desesperadas e escravizadas de Angola para a América é agora "uma bacia de cooperação pacífica".

O responsável norte-americano falou também das "imperfeições da América", usando o seu próprio exemplo, de "filho do sul segregado da América" que se tornou o primeiro secretario de Defesa negro dos EUA, concluindo que "as nações devem marchar em direcção a uma liberdade crescente".

"Vamos trabalhar juntos nos grandes desafios de segurança dos nossos tempos", apelou.

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