"A educação tem de ser a base para o desenvolvimento de Angola", disse o presidente executivo da Refriango, Diogo Caldas, na sua intervenção num painel no fórum Doing Business Angola, que decorreu esta Terça-feira em Lisboa, organizado pelo Jornal Económico e pela Forbes África Lusófona.
"A formação de pessoas é um problema, Angola vai ter de ir mais depressa, capacitar mais depressa", disse, por seu turno, o presidente executivo do Grupo Nabeiro, Rui Miguel Nabeiro, salientando, ainda assim, que há uma melhoria notória nesta área.
"A prioridade mais importante é a capacitação das pessoas para sermos capazes de crescer mais depressa e dar outras condições às empresas, de condições humanas, da forma como olhamos para o futuro, na agricultura também, não é só na indústria", vincou o líder do grupo produtor de café, salientando que "acelerar a capacitação é fundamental para o ritmo de crescimento".
No painel sobre "Experiências dos Grupos Empresariais", Diogo Caldas, Rui Miguel Nabeiro e José Carlos Pinto Nogueira, administrador-financeiro da Mota-Engil, passaram em revista os constrangimentos e as oportunidades de Angola, concordando que o país já não é um sinónimo de riqueza fácil, antes pelo contrário.
"Já não se ganha milhões no curto prazo, para isso mais vale não ir", disse Rui Miguel Nabeiro, afirmando que, apesar das oportunidades, o retorno não é imediato.
"Há constrangimentos locais, sim, como em todo o lado. É um país de oportunidades, mas o retorno não é instantâneo nem imediato, não se ganha no curto prazo, a ideia tem de ser apostar no país a longo prazo", acrescentou.
Durante a conversa, os três empresários convergiram também na ideia de que apesar de haver muito ainda a fazer, é importante implementar a actividade económica no país e complementar a capacitação natural decorrente do desenvolvimento com a implementação de sessões de formação e de treino dos funcionários locais.
"Hoje, a questão da falta de formação local em Angola já não se coloca tanto no nosso caso, porque quando vamos abrir num novo país, Angola já é fornecedora de capital humano para outros mercados, já são eles os primeiros a ir para outro país, porque já têm capacidade para isso", disse José Carlos Pinto Nogueira, o administrador financeiro da Mota-Engil, construtora portuguesa presente em 22 países, 16 dos quais em África, e com 45 mil colaboradores, 8 mil dos quais em Angola.
Relativamente aos constrangimentos e às dificuldades do mercado angolano, os três empresários também concordaram na resposta, apontando, para além das especificidades próprias de um país na África subsaariana, a volatilidade cambial e a exposição aos choques externos, mas também aqui a solução foi comum: produzir localmente.
"2015 foi o ano do impacto mais complicado [com a queda do preço do petróleo e entrada em recessão], mas a solução é ser um agente verdadeiramente local, não só encontrando soluções para nós, mas também apoiar o Executivo nos momentos de dificuldade, por exemplo encontrando soluções de financiamento para o nosso cliente [o Estado], ajudando a aceder a linhas de financiamento que não conhecia ou às quais não tinha acesso, e às quais pode recorrer através da nossa solidez", apontou José Carlos Nogueira.
Para além disso, salientou, ajuda quando "96 por cento dos quadros são locais, toda a frota é local, os grandes consumíveis e os artigos complementares são produzidos localmente, o que faz com que dependamos pouco de importações, e essa é a verdadeira medida do investimento local".
2015, concordou o presidente executivo da Refriango, foi o ano da "volatilidade cambial, com falta de divisas, mas aprende-se a viver com isso, e a diversificação da economia e a entrada de novos agentes vai permitir ultrapassar isso", concluiu.