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Analistas consideram Angola Oil&Gas importante para Angola atrair investimento

Analistas contactados pela Lusa convergem na ideia de que a conferência petrolífera que arranca Quarta-feira em Angola é importante para atrair mais investimento e contrariar as actuais dificuldades da economia no país.

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"O evento é muito importante para a indústria petrolífera de Angola porque, a nível regional e mundial, o setor está cada vez mais competitivo, e Angola deve continuar a posicionar-se como um líder, não só em África", disse o presidente da Câmara Africana de Energia (CAE) em Angola, Sérgio Pugliese.

"É muito importante continuar a realizar este evento em Angola para promover o legado e o contributo angolano para o avanço da indústria, no geral, e também continuar a promover a atratividade do setor em território nacional", acrescentou o líder desta plataforma vocacionada para fomentar a captação de investimento em África, principalmente no setor energético.

Sérgio Pugliese falava à Lusa na véspera da conferência que reúne os principais intervenientes neste setor fundamental para a evolução da economia angolana, e que é organizada pela plataforma Angola Energy & Power.

"É uma oportunidade única para os intervenientes mundiais na cadeia de valor da energia interagirem, debaterem e fomentarem o desenvolvimento dos negócios", lê-se na apresentação da quarta edição, que será inaugurada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, e pelo secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitham al Ghais.

"O Angola Oil & Gas deve ser considerado um destino programado no roteiro de eventos da Indústria Petrolífera Mundial, destacando assim a importância de Angola e o seu papel impulsionador", acrescentou Sérgio Pugliese nas declarações à Lusa.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, a seguir à Nigéria, mas nos últimos anos tem sido incapaz de aumentar a produção de forma sustentável, com a generalidade dos analistas a preverem uma redução da produção nos próximos anos devido à falta de investimento nos poços, durante os últimos anos, e às poucas descobertas, que assim não compensam o declínio natural dos poços mais antigos.

"Encorajar o investimento externo no sector do petróleo é extremamente importante, já que a fraqueza do sector petrolífero tem sido a principal razão do recente abrandamento económico", disse o analista da Capital Economics que segue a economia, David Omojomolo.

"No que diz respeito à produção, a nossa previsão é fraca para os próximos anos", acrescentou, apontando que "a produção mensal deverá ficar abaixo de 1 milhão de barris por dia a partir do próximo ano devido a fatores de produção, como os poços em declínio, os elevados custos de produção e falta de investimento".

Mesmo com a redução na produção, o petróleo vai continuar a ser o coração da economia angolana nos próximos anos, apesar dos esforços que o Governo tem feito para diversificar a economia, afastando-a de um sector que ainda vale mais de 90 por cento das exportações e representa cerca de um quarto do PIB.

"Angola está a procurar novos investimentos na indústria de petróleo e gás; os poços atingem o pico muito rapidamente e depois declinam fortemente", disse à Lusa o coordenador do departamento de África na Chatham House.

"A longo prazo, Angola precisa de diversificar a sua economia para lá dos hidrocarbonetos, mas a curto prazo o petróleo e gás vão continuar a ser uma parte fundamental da economia", concluiu Alex Vines.

A produção petrolífera em Angola no primeiro semestre ficou abaixo de 1 milhão de barris diários, em média, com pelo menos dois meses com as exportações a não ultrapassarem os 900 mil barris, segundo dados apresentados recentemente pela ministra das Finanças.

Com o preço significativamente mais baixo que no primeiro semestre do ano passado, a receita desce também, complicando a situação económica do país.

No segundo trimestre, a produção petrolífera ficou abaixo de 1 milhão de barris por dia, o que representa uma queda de 11,8 por cento face ao período homólogo e, em conjunto com a descida do preço do barril, significa uma queda nas receitas petrolíferas, a principal fonte de receita de Angola, disse o gabinete de estudos do Banco Fomento Angola (BFA) numa análise ao sector do petróleo, em Julho.

"O preço médio de exportação [entre Abril e Junho] caiu 22,3 por cento face ao homólogo, fixando-se numa média de 79,4 dólares por barril, as receitas fiscais petrolíferas renderam cerca de 2,5 mil milhões de dólares, correspondendo a uma perda homóloga de 29,1 por cento", lê-se no comentário.

O documento notava, ainda, que, nos primeiros cinco meses, Angola recebeu 12 mil milhões de dólares, cerca de 10,9 mil milhões de euros, em exportações de petróleo, o que representa menos 4,3 mil milhões de dólares, ou 3,9 mil milhões de euros, relativamente ao recebido de Janeiro a Maio de 2022.

"De acordo com os nossos cálculos a redução nos preços (efeito preço) retirou quase 2,9 mil milhões de dólares [2,6 mil milhões de euros] às receitas totais até agora [fim do primeiro semestre], enquanto a quebra na produção (efeito quantidade) retirou 1,6 mil milhões de dólares [1,4 mil milhões de euros]", disse o BFA.

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