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Energia

Carlos Rosado de Carvalho: transição energética deve contemplar mecanismos de compensação

O economista Carlos Rosado de Carvalho considerou que o caminho da transição energética deve prosseguir, mas salientou que deve ser acompanhado de mecanismos de compensação nos países mais pobres, menos poluidores e consumidores de recursos.

: Pedro Santos/Observador
Pedro Santos/Observador  

Carlos Rosado de Carvalho falava à Lusa na véspera da conferência Angola Oil&Gás, que vai juntar, em Luanda, ministros, especialistas e decisores do setor, a partir de quarta-feira, tendo a descarbonização e a segurança energética entre os principais temas.

O economista destacou que a guerra na Ucrânia atrasou a transição energética, mas defendeu que o caminho deve continuar, apesar da questão conjuntural.

Notou, também, o que considera ser "uma certa hipocrisia", lembrando que não são os países africanos os maiores poluidores e os que consomem mais recursos.

Sublinhou, igualmente, que se deve prosseguir a descarbonização com mecanismos de compensação para os países mais pobres, exortando os países africanos, nomeadamente Angola, a defender os seus projectos a nível internacional.

Sobre o declínio da produção petrolífera em Angola, que levou já o Fundo Monetário Internacional (FMI) a rever em baixa as perspectivas de crescimento da economia do país, fortemente dependente deste recurso, questionou os erros das previsões e admitiu que não deverá haver recuperação no segundo semestre.

"Eventualmente, nos próximos anos, com a entrada de alguns poços em produção, talvez se possa falar em estabilização, entre 1200 mil barris a 1300 mil barris de petróleo/dia. Isso seria muito bom porque actualmente Angola não está sequer a conseguir estagnar a quebra", afirmou.

O que não será, essencialmente, da responsabilidade de Angola, já que o país tomou medidas adequadas para a organização do sector petrolífero e tem tentado adaptar-se às novas condições, assinalou.

"Penso que isso reflete um desinvestimento global das petrolíferas, que se têm direccionado para a transição energética e para as energias renováveis. A minha opinião é que, em geral, Angola tem feito o trabalho de casa. Não sei se o defeito estará mesmo em Angola, se não será um problema global, de mercado", realçou o também professor universitário.

Quanto ao sector do gás, faltam conhecimento e estudos sobre reservas disponíveis, mas seria "uma boa alternativa para Angola", já que os consumidores europeus procuram alternativas ao fornecimento russo: "Existe provavelmente mercado, e até, talvez, melhor, do que o petróleo, porque é uma energia mais limpa", disse.

Destacou, igualmente, a importância de Angola, a quem outros países reconhecem a experiência, no contexto africano.

"Angola é vista como um 'player' importante em África e com conhecimento do sector", disse o economista, lamentando, no entanto, que as receitas petrolíferas não sejam também usadas para estimular a diversificação económica.

"O ano passado foi fabuloso" para o petróleo, com um preço médio de 102 dólares por barril, mas o dinheiro não foi aproveitado para a diversificação económica, afirmou Carlos Rosado, admitindo que esta pressão aumentaria caso os preços estivessem mais baixos.

A quarta edição da Conferência e Exposição Angola Oil & Gas (AOG) vai realizar-se nos dias 13 e 14 de Setembro, em Luanda, com foco nos temas da segurança energética, descarbonização e desenvolvimento sustentável.

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