Ver Angola

Sociedade

Manuel Vicente alega que denuncia sobre apropriação de dinheiro da Sonangol é manobra de diversão

O ex-vice-presidente, Manuel Vicente, negou ter-se apropriado de 193 milhões de euros da Sonangol, como denunciou o antigo gestor de Isabel dos Santos, e apelida a acusação de "indecorosa manobra de diversão".

:

O antigo assessor da empresária Isabel dos Santos na Sonangol, Mário Leite da Silva, queixou-se junto de reguladores internacionais sobre um "contrato falso" que terá lesado a petrolífera em 193 milhões de euros em 2005, dizendo que o documento faz parte do processo judicial de arresto de bens de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo e dele próprio.

Numa nota enviada à Lusa, Manuel Vicente repudia e nega a acusação e diz que "a imputação nitidamente falsa" é "ilustrativa da má-fé e/ou dos interesses inconfessos dos seus autores", acrescentando que vai reagir à denúncia.

O actual deputado do MPLA e antigo presidente da Sonangol adianta que não é a primeira vez que aparecem "neste aparente e infeliz enquadramento, ataques falsos e graves" e que mais não são do que "indecorosas manobras de diversão".

Manuel Vicente considera ainda que está a ser usado em "estratégias de defesa comunicacional e processual alheias", numa referência aos processos em que Isabel dos Santos, o marido e alguns colaboradores são visados.

Mário Leite da Silva, que foi presidente do conselho de administração do Banco de Fomento Angola quando a empresária controlava a instituição, afirma ter tido conhecimento do "contrato falso" pela análise de documentos que fez após ter sido alvo de um processo cível interposto pela justiça angolana.

Em causa está o acordo da Sonangol, então liderada por Manuel Vicente, com a Amorim Energia para entrada no capital da Galp. Para tal, a Sonangol constituiu com a Exem Energy, de Isabel dos Santos, a 'joint-venture' Esperaza, cabendo 60 por cento à petrolífera e os restantes 40 por cento à empresária. Posteriormente, a Esperaza detém 45 por cento do capital da Amorim Energia, holding que tem uma posição de 33,34 pr cento na petrolífera portuguesa. Indiretamente, os angolanos controlam assim 15 por cento da Galp.

Segundo a justiça angolana, o capital inicial da Esperaza, no valor de 193 milhões de euros, foi investido na totalidadepela petrolífera, que reclama judicialmente o valor em dívida que corresponderia à parte da empresária.

Leite da Silva acusa o Ministério Público de Angola de actuar "em sub-rogação" dos interesses da Sonangol no sentido de obter, "como conseguiu", o arresto dos bens de Isabel dos Santos, do marido da empresária, o congolês Sindika Dokolo, e dele próprio.

Na denuncia feita aos reguladores, o gestor português sublinha que o "contrato" em causa "integra o crime de falsificação de documento e uso de documento falso" e indicia a "retirada ilícita de fundos públicos da Sonangol" e a prática, por parte de Manuel Vicente, decrimes de apropriação - peculato, abuso de confiança ou burla - participação económica em negócio, "bem como o branqueamento dos respectivos valores".

A carta assinada por Mário Leite da Silva foi enviada de Lisboa a 11 de setembro para o Banco de Portugal, Banco Nacionalde Angola, De Nederlandsche Bank, Banco Central Europeu, ABN AMRO Bank, Banco Comercial Português, Bank of America, Standard Chartered Bank e para o Parlamento Europeu.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.