Ver Angola

Economia

João Traça: Angola mudou o paradigma, mas diversificação demora tempo

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA) disse hoje à Lusa que há uma "alteração de paradigma" em Angola, mas alertou que a diversificação económica é um processo que demora tempo.

:

"Há uma ambição de tornar Angola um país muito atractivo para os investidores estrangeiros, e isso passou não só por alterações legislativas, mas também pelo Governo ter 'arregaçado as mangas", não hesitando em viajar para vários países dizendo aos investidores para acreditarem em Angola, no futuro de Angola, e que vão ter muitas oportunidades", vincou João Traça em entrevista à Lusa a propósito dos dois anos de mandato de João Lourenço na presidência.

"É claramente uma alteração de paradigma na intensidade das iniciativas para atrair investidores", apontou o advogado, salientando que mesmo ao nível das relações entre os estudos português e angolano há medidas concretas para além do novo ciclo político inaugurado com as visitas de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola e de João Lourenço a Portugal.

"Há progressos concretos, como a convenção para a eliminação da dupla tributação, um processo de que se falava há décadas mas verdadeiramente só com João Lourenço é que as coisas avançaram, e isso é muito importante para as relações entre Portugal e Angola", salientou o presidente da CCIPA.

Questionado sobre como pode a diversificação económica concretizar-se num contexto de recessão económica motivada essencialmente pelos baixos investimentos decorrentes da quebra nas receitas fiscais devido à descida do preço do petróleo, João Traça respondeu que as reformas têm de continuar a ser feitas, mas sublinhou que o petróleo vai continuar a ser o principal motor da economia angolana.

"O crescimento económico tem de ser potenciado com a realização de reformas, o Estado vai ter de gastar menos e ter mais receitas, mas o petróleo vai continuar a ser a chave da economia, porque embora exista a visão de que o futuro de Angola passa pela diversificação, o sector petrolífero é e vai continuar a ser o grande motor da economia, é o que vai criar as condições para acelerar a diversificação", apontou.

João Traça lembrou que mesmo Portugal, uma economia mais diversificada, inserida na União Europeia e na zona euro, "demorou quatro anos a dar a volta, e mesmo assim havia muito mais oportunidades para se fazer novas escolhas".

Angola, por seu lado, "como está demasiado dependente do petróleo, primeiro tem de desenvolver uma infra-estrutura que permita desenvolver outros sectores, e este processo não vai ser curto, vai demorar, mas o importante é dar passos certos, porque tem de se começar por algum lado", concluiu.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.