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Namíbia quer fronteira com Angola aberta 24 horas por dia

A Namíbia manifestou interesse em manter aberta 24 horas por dia a fronteira com Angola, de forma a garantir um melhor serviço para ambas as populações fronteiriças, disse hoje a embaixadora namibiana em Luanda.

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Claudia Uusshona falava aos jornalistas à margem da 20.ª Reunião da Comissão Mista de Defesa e Segurança de Angola-Namíbia, que decorre desde segunda-feira e que hoje termina no Lubango, capital da província angolana da Huíla.

Segundo a diplomata namibiana, os cerca de 460 quilómetros de fronteira (sul de Angola) são partilhados de forma "artificial", por ter sido definida pelas antigas potências coloniais, situação que deve ser discutida pela comissão de segurança e defesa para que haja mais liberdade na circulação, decisão que deve ser aprovada ainda hoje ou em breve.

Uusshona considerou a fronteira dos dois países, em que desde 2007 existe a livre circulação parcial, como "a mais tranquila do continente africano", caracterizado muitas vezes por conflitos transfronteiriços, o que não existe no espaço partilhado por Angola e Namíbia,

Realçou que o comércio transfronteiriço está funcional, lembrando que os bancos centrais dos dois países assinaram um acordo de troca de dinheiro em que as pessoas que vivem na fronteira podem comprar com kwanzas na Namíbia e os namibianos com rands em Angola, projecto actualmente suspenso devido à crise cambial angolana.

A diplomata lamentou a situação, mas referiu que os dois bancos centrais já estão a acertar para encontrar outra forma para operar melhor o comércio transfronteiriço com capitais, um mecanismo importante de negócios para os dois povos transfronteiriços.

Destacando a "excelência" das relações bilaterais, Uusshona lembrou que são impulsionadas por duas comissões mistas que tratam de questões de cultura, turismo, ambiente, água, agricultura e defesa e segurança.

A diplomata destacou as trocas comerciais realizadas fundamentalmente nas províncias do Cunene, Cuando Cubango, Benguela e Huambo, que abrangem domínios como agricultura, energia e águas, entre outros.

Presente também no Lubango, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, Egídio de Sousa Santos "Disciplina", confirmou que a situação na fronteira entre os dois países é "calma e estável", mas que, para a manter, é necessário trabalhar para se identificar as vias para materializar os propósitos definidos pelos líderes de África, aquando do acto constitutivo da União Africana (UA).

Por sua vez, o seu homólogo da Namíbia, tenente-general Joao Mathuwa, mostrou-se satisfeito pelos projectos militares existentes entre os dois países, no quadro das relações de cooperação.

As questões ligadas à defesa e segurança transfronteiriça nos dois países começaram segunda-feira a ser debatidas, integradas em três subcomités - Defesa, Segurança Pública e Segurança Estatal - para concertação e elaboração dos documentos a submeter aos ministros dos dois países, que se reúnem a meio da tarde de hoje.

Na reunião - a última decorreu em 2015 na cidade namibiana de Swakopmund - assim como perspectivar futuras acções de interesse bilateral nestes domínios, vão ser aprovados documentos para prevenir crimes transfronteiriços, roubo de gado e de viaturas, bem como falsificação de documentos.

Em 2015, os dois países definiram como "estáveis" as relações transfronteiriças, mas manifestaram preocupações com a proliferação de igrejas estrangeiras em ambos os países, associadas ao radicalismo.

Por outro lado, o controlo da fronteira terrestre tem sido intensificado pelo Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) que, no Cunene, província limítrofe ao território namibiano, deteve na última semana 22 estrangeiros - 19 namibianos e três vietnamitas - por migração e permanência ilegal em Angola nos postos fronteiriços dos municípios de Cuanhama, Namacunde e Cahama.

Os dois países mantêm relações de cooperação há mais de 20 anos, nos mais variados domínios, com destaque para as áreas da energia, águas, agricultura, transportes, educação, defesa, segurança e saúde.

A Namíbia é independente desde 21 de Março de 1990, altura em que o então líder da SWAPO, Sam Nujoma, proclamou a independência. A independência de Angola foi proclamada a 11 de Novembro de 1975, por António Agostinho Neto.

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