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Dependência do petróleo faz Angola refém da turbulência económica da China

O Wall Street Journal dedicou esta quinta-feira um extenso artigo à influência da China em África, nomeadamente em Angola, concluindo que o abrandamento da segunda maior economia do mundo tem um forte impacto no relacionamento com os países africanos.

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"As ligações económicas de Angola a Pequim ilustram um problema mais amplo em África; as nações que ligaram as suas fortunas à China encontram-se agora reféns da turbulência económica no país", escrevem os jornalistas do WSJ, depois de lembrarem, logo no início do artigo, a visita do Presidente de Angola à China, em Junho.

"O antigo autocrata esperava que novos empréstimos e investimentos da China, o maior parceiro comercial de Angola, conseguissem ajudar a conduzir a economia dependente do petróleo por entre as águas revoltas, de acordo com fontes financeiras não identificadas, mas que fazem negócios com o Governo angolano", escreve o jornal.

Lembrando o acordo de 4,5 mil milhões de dólares para a construção de uma barragem hidroeléctrica e outros projectos e a declaração de "irmãos e parceiros estratégicos de longo prazo" com que o primeiro-ministro chinês saudou o Presidente José Eduardo dos Santos, o WSJ salienta que "os importadores angolanos estão agora em dificuldades para pagar artigos básicos como medicamentos ou cereais".

O artigo, que parte de Angola para salientar a dependência das economias africanas do andamento da China, lembra que a Moody's colocou o 'rating' de Angola em risco de descida por causa do aumento da dívida pública e nota que o kwanza perdeu um quarto do valor face ao dólar desde Janeiro.

"Sem os chineses, não há dinheiro", diz uma fonte do sector financeiro contactada pelo WSJ, que diz que o país não se preparou para o desenvolvimento noutras áreas, perpetuando a dependência do petróleo.

O problema, analisa o WSJ, é que "a China pode não estar sempre a comprar", e o modelo de crescimento económico conduzido de forma centralizada dificilmente é replicado fora da China.

No primeiro semestre, segundo dados dos Serviços de Alfândega da China, relatados pelo Fórum Macau, as trocas comerciais caíram 45,24 por cento para um total de 10,42 mil milhões de dólares até Junho.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,14 mil milhões de dólares, o que representa uma subida de 2,77 por cento, mas, em contrapartida, comprou mercadorias avaliadas em 8,28 mil milhões de dólares, ou seja, menos de metade comparativamente a igual período do ano passado (-51,16 por cento), o que mostra bem o impacto da descida do preço do petróleo nas contas públicas nacionais.

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