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Líderes da África Austral alertam para fome na região devido ao longo período de seca

Os líderes do sul de África alertaram, durante a 44.ª cimeira anual da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), em Harare, no Zimbabué, para a fome em alguns países da região em consequência da seca prolongada.

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Entre as vozes que se fizeram ouvir está o Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, que assumiu a presidência rotativa anual da SADC do seu homólogo angolano, João Lourenço, numa cerimónia no novo parlamento em Harare.

“Há fome na região devido às alterações climáticas e devemos trabalhar juntos para não deixar ninguém para trás”, apelou o Presidente do Zimbabué, que representa o país onde 8,7 milhões de pessoas, mais de metade da sua população, passam fome.

Mnangagwa disse que combater a fome causada pela seca prolongada devido ao fenómeno climático El Niño é a sua principal prioridade como presidente interino da SADC.

Já João Lourenço, afirmou que a região precisa de 5,5 mil milhões de dólares para ajudar a alimentar a população em risco. “Os nossos recursos ainda são escassos e apelamos à comunidade internacional e ao sector privado para nos ajudarem. Recolhemos informações de que poderemos sofrer o desastre natural do El Niño no futuro e temos de estar preparados para isso”, indicou o Presidente de Angola.

A cimeira contou com a presença dos chefes de estado de todos os 16 Estados-membros da SADC, excepto a Zâmbia.

O Presidente da Zâmbia, Haikande Hichilema, acompanhou a cimeira virtualmente a partir do seu país, porque, segundo alegou, não se sentia seguro no Zimbabué depois de receber insultos do porta-voz de Mnangagwa, George Charamba, por questionar os resultados eleitorais em Agosto de 2023.

Aceitando o novo papel, Mnangagwa apelou aos líderes da SADC para que continuem a apoiar o Zimbabué face às sanções impostas pelos países ocidentais, que, segundo ele, estão a ser usadas como uma "ferramenta política" contra os países em desenvolvimento.

“Partilhámos as trincheiras quando lutámos juntos pela nossa libertação durante o tempo da colonização. Vamos manter-nos solidários”, acrescentou o Presidente do Zimbabué.

No âmbito da realização da 44.ª cimeira, fora do novo parlamento em Harare, a polícia armada patrulhou as ruas das cidades para evitar protestos convocados pela oposição e foi imposto um recolher obrigatório para o encerramento de empresas às 20h00 locais.

A cimeira e a tomada de posse de Mnangagwa decorreram no meio de uma onda de detenções de dissidentes, na sua maioria apoiantes da Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC), o principal partido da oposição.

Doze membros do CCC foram detidos na Sexta-feira numa zona rural no centro do país e um deputado do partido por Harare foi raptado da sua casa por homens armados e levado para as celas da prisão central da capital.

Desde Junho, 124 membros do CCC foram detidos no Zimbabué e muitos deles dizem que foram espancados e torturados por parte das forças de segurança.

Organizações de direitos humanos como a Amnistia Internacional (AI) e a Human Rights Watch (HRW) condenaram a situação e apelaram à libertação dos detidos.

As embaixadas da União Europeia e dos Estados Unidos da América, entre outras, também manifestaram a sua preocupação na última semana com a onda de detenções e apelaram ao “respeito pelas liberdades fundamentais de acordo com a Constituição”.

Este ano sob o tema “promover a inovação para desbloquear oportunidades de crescimento económico sustentado e desenvolvimento rumo a uma SADC industrializada”, a cimeira é responsável pela orientação política geral e pelo controlo das funções da comunidade, sendo, em última análise, a instituição decisória da SADC.

Anualmente, o encontro junta chefes de Estado e de Governo dos 16 Estados-membros (Angola, Botsuana, Comores, República Democrática do Congo, Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué) e líderes de organismos continentais e regionais na qualidade de observadores.

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