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Turistas americanos, entre eles membros da família Tucker, em Angola para experienciar origens de antepassados

Um total de 60 turistas americanos vão iniciar, a partir da próxima semana, uma visita a Angola com o intuito de experienciar as origens dos antepassados. Formado por integrantes da família Tucker, entre outros, o grupo tem chegada marcada para Segunda-feira, numa visita que vai durar até 4 de Setembro.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

Além de integrantes da família Tucker, o grupo de turistas conta também com um dos vice-governadores da Virgínia, bem como com duas equipas de basquetebol do escalão júnior, uma das quais é a actual campeã dos Estados Unidos da América, escreve o Jornal de Angola.

A agenda dos turistas durante a sua passagem por solo angolano prevê a concretização de diversas actividades em Luanda, Malanje e Cuanza Norte. Segundo o Jornal de Angola, estas têm em vista dar a conhecer os sítios de concentração e embarque de escravos, bem como escutar de fontes locais a história deste procedimento.

Segundo o pesquisador cultural Afonso Vita – que é também o mentor do projecto rota turística e cultural dos escravos em Angola e falava nesta Quarta-feira numa mesa-redonda sob o tema "Abolição do Tráfico de Escravos, Legado e Reflexões", integrada nas comemorações do Dia Internacional da Lembrança do Comércio de Escravos e a sua Abolição, assinalado a 23 de Agosto –, muitos dos turistas dizem respeito a pessoas em que os antepassados saíram de Angola.

Fruto da sua tese de doutoramento em Coimbra (Portugal), o projecto tem também previsto lançar um festival multidisciplinar em 2024, refere o Jornal de Angola.

Na ocasião, o pesquisador cultural disse que no continente africano têm "exemplos a serem seguidos" de países que têm projectos "bem estruturados nesta área do turismo de memória".

"Em África temos exemplos a serem seguidos, como é o caso do Benim, Senegal e Gana, que possuem projectos bem estruturados nesta área do turismo de memória. É preciso dizer que o nosso vai ser um bocadinho diferente, porque nós introduzimos o festival que é para ser a âncora de captação de visitantes. Esse elemento é novo", indicou, citado pelo Jornal de Angola.

Assim, informou que o sítio de concretização do festival vai ser em Mbanza Kongo. "O local da realização deste festival será em Mbanza Kongo e o elemento alojamento é bastante crucial, porque lá é quase inexistente. Mas estão a se envidar esforços para que, até ao próximo ano, tenhamos a garantia de pelo menos 100 a 150 quartos. Estamos a trabalhar para isso. A nossa cidade, que é património da humanidade, tem de ter alojamento necessário", disse.

Em termos de ganhos para o país no que diz respeito ao turismo de memória, considerou que este poderá despertar a geração de emprego, bem como fomentar a produção cultural das localidades.

"O que nós estamos a fazer já é um sinal positivo naquilo que é a divulgação do nosso passado histórico, isso quer dizer que já vai influenciar muita gente sobre o assunto", considerou Afonso Vita, que, citado pelo Jornal de Angola, acrescentou: "As nossas autoridades também estão a acompanhar e garantir que esse conhecimento seja transmitido pela via do turismo, que permite uma experiência melhor no contacto com a história e o seu impacto na vida dos africanos".

Já Vladmir Fortuna, director do Museu Nacional da Escravatura, que também participou na mesa-redonda, disse que é no museu "onde se reflecte os vários pontos deste processo, como as fortalezas, palacetes e fazendas coloniais. Todos esses pontos são registados a nível do museu para cada vez mais consolidar a rota da escravatura e do tráfico de escravos".

"As visitas ao museu têm estado a crescer nos últimos anos, cada vez mais há um forte interesse por parte de investigadores nacionais e estrangeiros na história da escravatura e do tráfico de escravos", acrescentou.

Entre outros aspectos, o director do museu também fez saber que, recentemente, estiveram nos Estados Unidos e contactaram "instituições que também trabalham na preservação da memória e história do tráfico de escravos, tendo ficado estabelecido a intenção da troca de informação e partilha de acervo".

"Pensamos ser uma nota positiva neste sentido. O segmento académico que mais visita o museu da escravatura são os alunos do ensino geral, entre crianças e adolescentes, o que mostra o interessante trabalho que os professores têm estado a fazer no que toca às actividades fora da escola", indicou, citado pelo Jornal de Angola.

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