"Angola já foi muito mais atractiva para os empresários brasileiros, evidentemente, mas existem algumas medidas tomadas recentemente, e por isso Angola é um país propício para receber investimento privado por causa das novas medidas tomadas pelo governo actual", disse Raimundo Lima em entrevista à Lusa, na véspera da chegada do Presidente brasileiro, Lula da Silva, a Luanda para uma visita oficial de dois dias.
Segundo o empresário, "há acordos de cooperação e facilitação de investimento, a questão da transparência dos fundos, do retorno dos lucros, tudo isso começa agora a ser mais bem definido e são factores de atractividade".
Para o responsável, o executivo de João Lourenço devia tomar um conjunto de medidas para tornar o país mais atrativo para o investimento estrangeiro.
"Há coisas a melhorar, o Governo devia criar mecanismos para uma criação de empresas mais célere, devia evitar dificultar a entrada de brasileiros que querem investir aqui e também a regularização da criação de empresas, isso precisa de ser cada vez mais observado para que tenhamos uma facilitação e uma atratividade maior", disse o também presidente da Associação dos Empresários Brasileiros em Angola (AEBRAN).
Questionado sobre os sectores onde há mais oportunidades para os empresários brasileiros investirem, Raimundo Lima destacou a agropecuária e salientou que "a presença do Presidente Lula da Silva e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária [Embrapa] vai contribuir muito para um incremento" dos investimentos nesta área.
O Brasil tem sido um parceiro de Angola, mas desde 2015 que a relação tem estado mais distante, com a suspensão dos empréstimos do Brasil a Angola.
"O governo brasileiro deu 3,850 mil milhões de dólares para financiamentos diversos aqui, através do Banco Nacional de Desenvolvimento [BNDES] do Programa de Financiamento às Exportações (POEX) até 2015, mas desde então não recebeu mais nada; Angola já pagou toda esta dívida que contraiu, não deve nada, os últimos valores foram pagos em 2019, e a grande expectativa é que haja um reinício dos financiamentos, e que uma parte seja para as pequenas e médias empresas [PME]", disse o empresário.
Criada em Junho, a CCAB "tem como principal objectivo fomentar o comércio bilateral" e será oficializada numa cerimónia, este fim de semana, pelos presidentes do Brasil e de Angola, que vão descerrar a placa oficial de inauguração, disse Raimundo Lima.
O Presidente do Brasil visita Angola esta Sexta-feira e Sábado, acompanhado por seis ministros e 170 empresários, das maiores comitivas de sempre, anunciou o embaixador brasileiro, Rafael Vidal, em Luanda, considerando que tal reflete "carinho e segurança" nas relações bilaterais.
De acordo com o diplomata, o Fórum Económico que decorre na Sexta-feira, no âmbito da visita oficial de Luiz Inácio Lula da Silva a Angola, vai contar com a presença de 500 empresários, dos quais 170 provenientes do Brasil.
Esta é a maior presença de empresários brasileiros nas visitas de Lula da Silva ao exterior, "o que também é reflexo não só do carinho que o Brasil tem por Angola, mas também da segurança que o Brasil tem na relação com Angola nos diferentes domínios", disse o diplomata.