Numa nota de repúdio, o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), "repudiou com veemência" a forma como a polícia reprimiu a manifestação pacífica contra a subida dos preços do gasóleo, dos transportes públicos e das propinas, convocada por diversas organizações da sociedade civil, que resultou em "detenções arbitrárias e dezenas de feridos entre os cidadãos" que participaram no protesto.
"O grupo parlamentar da UNITA condena os actos contra a integridade física dos manifestantes, em geral, e dos deputados, em particular, que devidamente identificados e em solidariedade às justas reivindicações dos cidadãos, estiveram presentes", sublinha-se na nota.
De acordo com a UNITA, houve "violência contra o deputado Jeremias Mahula e demais cidadãos feridos, num claro atentado à sua vida, integridade física e dignidade, quando estes se encontravam no pleno exercício dos seus direitos constitucionalmente consagrados".
"O papel da Polícia Nacional, nos termos da Constituição da República de Angola e da lei, é assegurar a ordem pública, garantir a segurança dos cidadãos, das instituições e do património público e privado, e não se permitir instrumentalizar por uma agenda pessoal ou partidária que visa efectivar o Estado autocrático e totalitário", realça-se na nota.
O grupo parlamentar do maior partido da oposição instou as autoridades competentes "a responsabilizarem os autores das agressões ao deputado Mahula e às outras vítimas resultantes da injustificada obstrução da marcha e violência policial contra os manifestantes e a consequente reparação dos danos físicos, morais e materiais".
A polícia dispersou com gás lacrimogéneo a marcha de centenas de cidadãos que protestavam, em Luanda, contra o aumento do preço dos combustíveis e dos transportes colectivos, criticando as autoridades governamentais.
A tarifa dos táxis colectivos em Angola passou a ser, desde 4 de Julho, 300 kwanzas por viagem e a dos autocarros urbanos subiu para 200 kwanzas por viagem, desde Segunda-feira, uma medida que surge na sequência do aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro.
Activistas, membros da sociedade civil, taxistas, vendedores, estudantes e membros de partidos políticos na oposição juntaram-se à marcha promovida pelo denominado movimento social contra o decreto que aprova o reajuste do preço dos combustíveis em Angola, empunhando cartazes com dizeres como "combustível sobe, barriga ronca"; "300 kwanzas é muito", "não aceitamos leis que matam o povo", "estamos cansados de comer no lixo", "o país é bom, mas o MPLA (partido no poder) é que não presta".
Para travar os manifestantes, alguns dos quais afirmaram ter como destino o Palácio Presidencial, Polícia de Intervenção Rápida (PIR) dispersou a marcha com o lançamento de gás lacrimogéneo.
A situação gerou pânico entre os manifestantes e transeuntes que procuraram um lugar para se refugiar, entre gritos e críticas à postura da PIR, que em vários pontos lançou bombas de gás lacrimogéneo, tendo-se registado feridos e algumas pessoas desmaiaram.