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Associação agro-pecuária diz que aumento do gasóleo agrava custos e “não tem contrapartida visível”

O presidente da Associação Agro-pecuária de Angola (AAPA), Wanderlei Ribeiro, considerou que o aumento do preço do gasóleo terá “um impacto grande” para o sector produtivo, sem contrapartida visível na forma de apoio directo à produção nacional.

: LUSA - AMPE ROGÉRIO
LUSA - AMPE ROGÉRIO  

"Vai ter um impacto, sem dúvida", afirmou o dirigente associativo, comentando a subida do preço do gasóleo de 300 para 400 kwanzas por litro, em vigor desde Sexta-feira, no âmbito da política de retirada progressiva dos subsídios aos combustíveis.

"Na verdade, já se esperava, não é propriamente algo que a classe considere uma grande surpresa, porque já se sabe que há uma decisão do Governo de fazer uma redução gradativa dos subsídios", disse à Lusa Wanderlei Ribeiro.

Segundo o presidente da AAPA, a justificação do Governo na primeira fase do processo foi que a remoção das subvenções libertaria recursos para fomentar a produção nacional.

No entanto, "não se consegue ver, na mesma proporção daquilo que é o impacto da remoção dos subsídios, uma cabimentação de recursos para apoio à agricultura familiar".

Entre as medidas mais recentes, Wanderlei Ribeiro apontou a aquisição de 180 mil toneladas de fertilizantes e o reforço da capitalização do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), mas ressalvou que "há um desafio ainda muito grande naquilo que é a capacidade de financiamento à economia real, sobretudo às empresas do sector".

"Haverá, sem sombras de dúvidas, um impacto grande, até porque, nesta altura, temos a actualização do salário mínimo, que também é outra alteração, outro custo, que vem agravar o custo de produção", alertou.

O responsável criticou também a liberalização da importação de milho, que considerou uma medida desfavorável: "Foi a um preço muito mais baixo do que aquele que as empresas nacionais conseguem produzir. Isso não ajuda as actividades do sector".

"É sempre o consumidor quem deve pagar quando o Governo não tem interesse de absorver o impacto que isso tem para o produtor ou para o consumidor", lamentou.

Para Wanderlei Ribeiro, o produtor — tanto em larga como em pequena escala — "vai sentir mais na pele o impacto desta medida", porque "não consegue absorver esse impacto e tem de repassar a alguém, ao consumidor, a menos que existisse uma absorção dos custos pelo Governo, através de medidas de subsídio ao comércio ou à produção".

"Subsídio à produção não me parece uma medida de interesse do Governo, nesta altura", concluiu.

O Governo pretende alinhar os preços internos com os valores de mercado até ao final de 2025, libertando recursos públicos para sectores como a saúde, educação e infra-estrutura.

Desde 2023, a gasolina subiu de 160 para 300 kwanzas por litro, enquanto o gasóleo passou de 135 para 400 kwanzas, acumulando aumentos superiores a 120 por cento.

A eliminação dos subsídios representa uma poupança estimada de 400 mil milhões de kwanzas por ano, num esforço de consolidação orçamental apoiado por parceiros internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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