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Política Visita oficial do primeiro-ministro português

PR: países colonizadores nunca teriam capacidade para pagar o justo valor das reparações

O Presidente da República disse, esta Terça-feira, que Angola "nunca colocou" a questão das reparações históricas porque "teria de se mexer em muita coisa" e os países colonizadores não teriam capacidade de pagar "o justo valor" pelas reparações.

: Pedro Parente/Angop
Pedro Parente/Angop  

João Lourenço falava em conferência de imprensa, após um encontro com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, que iniciou, esta Terça-feira, uma visita de três dias a Angola.

Questionado sobre o tema das reparações históricas, que foi levantado inicialmente pelo seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe do executivo disse que a questão não foi colocada durante os 49 anos de independência do país e não vai ser colocada "nunca", comparando o assunto às fronteiras que "foram mudando".

"Esta questão é um pouco como as fronteiras entre os países, esta questão, se é levantada hoje, traz muita discussão e solução nenhuma, porque as fronteiras entre os países, ao longo dos séculos foram mudando", disse o chefe de Estado, lembrando que Angola já foi o Reino do Congo.

"Agora imaginem que Angola vinha com a pretensão de restaurar o antigo Reino do Congo (...) só cria conflitos, eu comparo isso à questão das indemnizações", reforçou.

Além disso, acrescentou, os "países colonizadores não teriam nunca capacidade real de fazer a reparação no justo valor. É impossível".

Por outro lado, teria de se "mexer em muita coisa", já que a questão não envolve apenas Portugal, mas envolve outras potências colonizadoras como Inglaterra, França, Bélgica ou Espanha e "isso ia dar uma revolução inimaginável".

"Da parte de Angola, tal como nunca colocámos esta questão, pensamos não vir a colocar no futuro", reforçou.

Luís Montenegro, que não foi directamente questionado pela jornalista que dirigiu a pergunta a João Lourenço, afirmou apenas nada ter a acrescentar a estas declarações.

O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu, em Abril, que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo e sugeriu como exemplo o perdão de dívidas, cooperação e financiamento.

O Governo PSD/CDS-PP liderado pelo social-democrata Luís Montenegro afirmou que "não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de acções específicas com o propósito" de reparação pelo passado colonial português e que se pautará "pela mesma linha" de executivos anteriores.

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