De acordo com um comunicado divulgado na Quinta-feira à noite pelo Ministério das Relações Exteriores, a reunião resulta dos encontros realizados, em separado, pelo Presidente da República, João Lourenço, mediador do conflito designado pela União Africana, com os Presidentes da RDCongo, Félix Tshisekedi e do Ruanda, Paul Kagamé, em Fevereiro e Março de 2024, respectivamente.
"Ambas as partes acordaram realizar a referida reunião, na sequência de consultas efectuadas pela mediação angolana e em conformidade com as conclusões da Primeira Sessão da Reunião Ministerial que teve lugar em Luanda, no dia 21 de Março de 2024 que, entre outros, decidiu a realização de uma segunda sessão", refere-se no comunicado.
O Processo de Luanda é uma iniciativa do Presidente da República que visa a resolução do conflito no leste da RDCongo através da promoção do diálogo entre Kinshasa e Kigali que alegadamente apoia os rebeldes do M23.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (MONUSCO).
No final de 2021, o movimento rebelde M23 e as tropas do exército ruandês avançaram na província do Kivu do Norte, onde derrotaram o exército congolês e os seus aliados, tendo inclusivamente criado um governo paralelo nas zonas que controlam.
Até ao final do ano passado, as autoridades ruandesas negaram publicamente ter colocado o seu exército ao lado dos rebeldes do M23, mas desde o início deste ano que Kigali não tem desmentido a informação.
Há vários meses que os Estados Unidos, a França, a Bélgica e a União Europeia pedem ao Ruanda que retire as suas tropas e o seu equipamento militar do território congolês e que acabe com o apoio ao M23, mas os pedidos não foram, até agora, atendidos.
O Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses (hutus) exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país.
Na Quarta-feira, os Estados Unidos anunciaram uma "extensão de 15 dias da trégua humanitária".
Esta prorrogação "estará em vigor até às 23h59 locais do dia 3 de Agosto" e obriga os beligerantes "a silenciar as armas e a permitir o acesso sem entraves do pessoal humanitário às populações vulneráveis", segundo um comunicado do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
As duas primeiras semanas da trégua humanitária foram anunciadas pela Casa Branca a 5 de Julho e, desde então, os combates diminuíram de intensidade, mas a trégua não foi respeitada em algumas zonas.