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Economia não petrolífera vai travar ainda mais no segundo trimestre, indica BFA

O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) considerou esta Terça-feira que a economia não petrolífera deverá ter crescido, no segundo trimestre, abaixo dos 3,1 por cento registados de Janeiro a Março deste ano.

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"A economia não petrolífera cresceu 3,1 por cento no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre homólogo, representando uma desaceleração de 2,1 pontos percentuais face ao quarto trimestre de 2022", lê-se no comentário semanal de mercado dos analistas.

"Com esta desaceleração, a economia não petrolífera interrompe três trimestres consecutivos de crescimento acelerado e a nossa expectativa é que deverá ter crescido de modo mais lento no segundo trimestre, em linha com a depreciação cambial iniciada em Maio e os impactos que a remoção dos subsídios aos combustíveis tem tido na economia", acrescentou.

De acordo com a nota, a que a Lusa teve acesso, a probabilidade de a economia não petrolífera, que tem impulsionado o crescimento de Angola nos últimos trimestres, ter crescido abaixo dos 3,1 por cento do primeiro trimestre "é baseada no crescimento mais fraco de alguns" indicadores de mais alta frequência.

"O indicador de transacções privadas (...) cresceu 1,5 por cento entre Abril e Junho, o que representa desaceleração de 0,7 pontos percentuais face à média entre Março e Maio", explicou.

O comentário do BFA surge no dia a seguir à consultora BMI, do grupo Fitch, ter piorado a previsão sobre a evolução da economia angolana, antecipando agora uma recessão de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.

"No primeiro trimestre de 2023, a economia angolana cresceu 0,3 por cento em relação ao mesmo período em 2022, a economia petrolífera contraiu 8,0 por cento face ao homólogo, contribuindo negativamente em 2 pontos percentuais para a variação total do PIB", escrevem os economistas do BFA, prevendo uma nova queda, entre 4,3 por cento e 5,2 por cento, do PIB petrolífero no segundo semestre.

A produção, concluem, também está aquém das expectativas, ficando abaixo de 1 milhão de barris por dia, o que representa uma queda de 11,8 por cento face ao período homólogo e, em conjunto com a descida do preço do barril, significa uma queda nas receitas petrolíferas, a principal fonte de receita de Angola.

"O preço médio de exportação caiu 22,3 por cento face ao homólogo, fixando-se numa média de 79,4 dólares por barril, as receitas fiscais petrolíferas renderam cerca de 2,5 mil milhões de dólares, correspondendo a uma perda homóloga de 29,1 por cento", lê-se no comentário.

O documento nota ainda que nos primeiros cinco meses, Angola recebeu 12 mil milhões de dólares, cerca de 10,9 mil milhões de euros, em exportações de petróleo, o que representa menos 4,3 mil milhões de dólares, ou 3,9 mil milhões de euros, relativamente ao recebido de Janeiro a Maio de 2022.

"De acordo com os nossos cálculos a redução nos preços (efeito preço) retirou quase 2,9 mil milhões de dólares às receitas totais até agora, enquanto a quebra na produção (efeito quantidade) retirou 1,6 mil milhões de dólares", concluem.

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