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UNITA evoca os “pais da nação” e pede debate entre candidatos presidenciais

O presidente da UNITA evocou este Sábado os “pais da nação”, prometendo cumprir o ideal de construir a pátria angolana e pediu um debate entre os candidatos presidenciais.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

Adalberto da Costa Júnior, que marcou este Sábado o arranque da campanha eleitoral em Benguela, chegou ao local do comício perto das 15h00 após ter percorrido a pé cerca de 5 quilómetros, ladeado dos n.º 2 e n.º 3 das listas da UNITA, Abel Chivukuvuku e Justino Pinto de Andrade, respectivamente, uma comitiva que foi acompanhado por milhares de pessoas.

Cantando e entoando "gatunos fora" e "MPLA caiu", os militantes e simpatizantes da UNITA seguiram os três políticos numa caminhada festiva, em tons de verde e vermelho – as cores da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) –, que encheu as ruas de Benguela com uma enorme massa humana e terminou no campo adjacente ao aeroporto.

Numa intervenção com mais de uma hora, Adalberto da Costa Júnior recordou o fundador da UNITA, Jonas Savimbi, e o seu sonho de realizar a pátria angolana, mas destacou que este era também um projecto de Holden Roberto, fundador da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), e do primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), partido que governa o país desde a independência.

"Três pais da nação" que, sublinhou, "pensaram numa Angola para os seus filhos, uma Angola de dignidade, de riquezas e de oportunidades", prometendo resgatar os ideais que "foram esquecidos e perdidos", assumindo a "missão de realizar a pátria mãe de todos os angolanos".

No discurso repetiu as críticas à comunicação social pública devido à parcialidade na cobertura eleitoral, salientando que "há um partido que teve transmissão directa dos seus comícios", ao contrário dos outros partidos que também marcaram acto para hoje [Sábado].

"Esperei que não houvesse mais diferenciação com o início da campanha, mas afinal enganei-me, afinal há partidos que são mais do que outros?", questionou o dirigente do "Galo Negro".

Vincando os apelos à alternância, o presidente da UNITA disse que "já não é tempo de promessas, é tempo de balanços", tendo em conta que o país é independente há 47 anos, e lamentou a degradação do estado democrático e de direito e a diminuição das liberdades, nos últimos cinco anos, coincidindo com o mandato de João Lourenço, que se recandidata ao cargo.

O líder da UNITA apontou também os "parentes e amigos mortos" que estão na lista para votar, avisando que o partido está atento e estimando que há mais de 2,5 milhões de pessoas falecidas que constam como eleitores.

"Desde 1996 que não se faz a depuração dos mortos nas listas. Querem enganar quem? Vão aceitar ir as eleições com essas listas?", perguntou Adalberto da Costa Júnior, pedindo aos milhares de militantes e simpatizantes que este Sábado assistiram ao comício que ajudem nesta verificação e tomem conta da segurança do voto, "organizadamente".

Frisando a necessidade "de um país diferente com uma liderança comprometida em servir o país", Adalberto da Costa Júnior ironizou com a construção da Basílica da Muxima, anunciada na semana passada pelo Presidente, que acusou de estar a tentar "comprar" a igreja.

Alertou ainda para o facto de o governo estar em gestão, uma vez que, com o início da campanha eleitoral para as eleições marcadas para 24 de Agosto, o Presidente "não pode assinar nada", nem fazer "os contratos simplificados que financiam o seu partido".

Apontou também a necessidade de assegurar que a campanha decorre em ambiente pacífico, de tolerância e de harmonia, insistindo em que se ignorem as provocações.

"Onde te provocarem, vai embora, onde virem uma emboscada, vai embora, não é atitude de cobardia, é de inteligência", salientou o dirigente durante a intervenção, onde insistiu nos apelos do não à violência.

Adalberto da Costa Júnior repetiu as ideias de que vai "governar para todos, os que votaram e não votaram", saudando na recta final do discurso "todos os partidos e lideranças" que entram agora em campanha eleitoral, deixando o convite à realização de debates entre todos os candidatos, que considerou um dever.

"Os cobardes fogem, vamos punir os cobardes, não estão à altura do seu povo maravilhoso. Nós não temos medo, nós estamos seguros do apoio do povo", disse Adalberto da Costa Júnior, que foi aplaudido com entusiasmo.

Os sete partidos e a coligação que se candidatam às próximas eleições gerais realizaram este Sábado comícios e actos políticos para marcar o arranque da campanha eleitoral, em diferentes pontos do país.

Além da UNITA, em Benguela, o MPLA realizou o seu comício em Luanda, a coligação CASA-CE, terceira força política do país, no Cuanza Norte, o PRS na Lunda Norte, o P-NJANGO no Huambo, o Partido Humanista de Angola no Namibe e a FNLA em Luanda.

Este será o quinto sufrágio em Angola, depois dos de 1992, 2008, 2012 e 2017, em que o MPLA foi vencedor.

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