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Política Morte de José Eduardo dos Santos

Autópsia de José Eduardo dos Santos revela morte natural, mas defende mais exames

O resultado preliminar da autópsia feita ao antigo Presidente José Eduardo dos Santos aponta para uma morte por causas naturais, mas defende a necessidade de mais exames, disse uma fonte judicial à Lusa.

: Tiago Petinga/Lusa
Tiago Petinga/Lusa  

Os resultados preliminares da autópsia feita a José Eduardo dos Santos durante o fim-de-semana mostram uma "insuficiência cardíaca" e uma grande infecção pulmonar, mas no relatório entregue à família salienta-se que é preciso complementar esta primeira informação com mais exames antes de uma conclusão definitiva, explicou à Lusa uma fonte judicial.

O resultado preliminar afasta, pelo menos para já, uma das questões levantadas por Tchizé dos Santos, que tinha sugerido que o pai podia ter sido envenenado, e daí a necessidade de ser feita uma autópsia para averiguar essa possibilidade.

A garantia de que José Eduardo dos Santos não foi envenenado foi dada pelo Procurador-Geral da República, que integra a delegação angolana que em Barcelona trata do processo de transladação do corpo do ex-Presidente da República para Angola, ao Jornal de Angola e à TVZimbo, ambos órgãos de comunicação social públicos, que, no entanto, não citam qualquer frase de Hélder Pitta Grós.

Fonte ligada à defesa da filha do antigo Presidente Tchizé dos Santos disse à Lusa na manhã de Terça-feira que o juiz que analisa o processo foi muito claro na afirmação de que o corpo só será entregue a uma das partes após essa decisão, sendo que é possível que as autoridades judiciais queiram fazer novas audições à família antes de decidirem a quem entregam o corpo.

"O tribunal foi muito claro na afirmação de que quaisquer notícias que apontem para uma decisão sobre a quem será entregue o corpo são precipitadas porque o juiz ainda não tomou a decisão", disse a mesma fonte.

Também esta Terça-feira, ficou a saber-se que o Governo contratou um escritório de advogados para apoiar o processo judicial da viúva de José Eduardo dos Santos no pedido em tribunal da guarda do corpo do ex-Presidente, que morreu na Sexta-feira em Barcelona.

O escritório de advogados irá defender os interesses de Ana Paula dos Santos, dos seus filhos e representar o Governo angolano nas questões que envolvem a protecção diplomática e institucional de José Eduardo dos Santos, que não tinha nacionalidade espanhola nem era residente em Espanha, disse à Lusa uma fonte próxima do processo.

"Era uma condição transitória para efeitos de assistência médica e, por isso, o executivo está agora a tratar das questões institucionais e diplomáticas", adiantou à Lusa a mesma fonte.

Este é o mais recente episódio do litígio que envolve o Governo e alguns dos filhos de José Eduardo dos Santos, relativamente à entrega e trasladação dos restos mortais do antigo Presidente para Luanda, à qual se opõe parte da família.

Cabe agora aos tribunais a decisão quanto à entrega e eventual trasladação do corpo de José Eduardo dos Santos, que tem oito filhos, de cinco mulheres, e que está a ser disputada no seio familiar.

De um lado, está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que rejeitam celebrar as exéquias em Angola, onde não vão há vários anos, desde que o sucessor do pai, João Lourenço, assumiu o cargo em 2017, iniciando uma luta contra a corrupção que atingiu a filha mais velha, Isabel dos Santos, e o filho "Zenu".

Do outro, está a viúva e mãe de três dos filhos de José Eduardo dos Santos, Ana Paula dos Santos, que estava afastada do marido há alguns anos, ressurgindo a seu lado nos últimos meses, e que foi a interlocutora do Governo angolano quando este se encontrava internado na clínica de Barcelona, onde acabou por falecer, na Sexta-feira.

O Governo declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, mas a decisão conta com a veemente oposição da filha Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai, e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.

A decisão judicial sobre a entrega do corpo do ex-Presidente deverá ser tomada esta semana pela justiça espanhola, depois do resultado da autópsia ter sido já comunicado à família.

José Eduardo dos Santos morreu a 8 de Julho, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento e o Governo angolano decretou sete dias de luto nacional.

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