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Jornalistas avançam com acção contra grupo Média Nova por “despedimento ilegal”

Jornalistas da Média Nova, com contratos suspensos, avançaram com uma acção judicial contra o grupo privado angolano, alegando “despedimento ilegal” em período de covid-19, estando a primeira audiência de conciliação obrigatória em tribunal marcada para Quinta-feira.

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Em declarações à Lusa, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, afirmou que a acção contra a Média Nova decorre da falta de entendimento extrajudicial com o grupo que, em período de emergência, dispensou 30 funcionários.

Para o SJA, o grupo, que detém o Jornal O País, a Rádio Mais, a TV Zimbo e a Gráfica Distribuidora, “violou os dispositivos do estado de emergência”, que decorreu entre 27 de Março e 25 de Maio, e que “proibia despedimentos e suspensão de contratos laborais”.

A suspensão de contratos de trabalho no referido grupo começou a vigorar a 15 de Maio e não abrangeu funcionários da TV Zimbo.

“Durante o período de emergência, as empresas estavam proibidas de despedir os trabalhadores, mesmo que pudessem suspender. havia um despacho da ministra do Trabalho que impunha o pagamento dos salários na vigência da suspensão dos contratos”, disse Teixeira Cândido.

O dirigente sindical referiu que a última prorrogação do estado de emergência, devido à covid-19, proibia a suspensão de contratos e despedimentos de trabalhadoras, pelo que, notou, a Média Nova “não respeitou as disposições legais”.

“Portanto, estamos aqui numa clara violação da lei e é isso que se evocou em tribunal, que houve uma violação da lei e que se reponha a legalidade”, sublinhou.

Teixeira Cândido, que lamentou a situação, admitiu, por outro lado, que o posicionamento do grupo Média Nova, detido por alguns generais angolanos, é sintomático de um “despedimento indirecto”, referindo: "Os colegas ficaram depois proibidos de aceder as instalações da Média Nova, não sei por que razão".

Depois da primeira audiência de conciliação obrigatória, agendada pelo Tribunal de Luanda para Quinta-feira, 16 de Julho, uma segunda audiência está prevista para 14 de Agosto.

Em Abril, jornalistas angolanos, sobretudo de órgãos privados, manifestaram-se confiantes que a "situação crítica" do setor, com "dificuldades para pagar salários", agravada pela covid-19, seria ultrapassada, após uma reunião com o ministro da Comunicação Social, Manuel Homem, sob indicação do Presidente.

"Este sinal que o Presidente da República, João Lourenço, deu pressupõe que sim, vamos acreditar que sim, que realmente os dias de aflição e dificuldades que vivemos sejam ultrapassados", afirmou na ocasião, Teixeira Cândido.

Falando à Lusa no final de uma reunião que mantiveram com o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, o sindicalista observou que o actual cenário da imprensa privada angolana "é crítico e emergencial".

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