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Kwanza já perdeu quase 38 por cento do valor para o euro desde Janeiro

O kwanza sofreu esta Segunda-feira a segunda depreciação face ao euro no espaço de menos de uma semana, acumulando uma perda de quase 38 por cento desde a aplicação do regime flutuante cambial, em Janeiro, com taxas de câmbio formadas nos leilões de divisas.

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Esta depreciação, que foi mais acentuada em Janeiro, tendo descido para Fevereiro para um ritmo de quase 1 por cento por semana, foi confirmada pela Lusa com cálculos feitos a partir das taxas cambiais oficiais do Banco Nacional de Angola (BNA), de 1 de Janeiro e de 9 de Julho.

Actualmente, a taxa de câmbio média do euro cifra-se nos 297,5 kwanzas, quando a 1 de Janeiro era de 185,40 kwanzas, o que representa uma depreciação de praticamente 37,7 por cento no espaço de meio ano.

A actual taxa de câmbio oficial foi formada após o último leilão de divisas, realizado esta Terça-feira, conforme anunciou o BNA, permitindo a colocação de 82,49 milhões de euros, para cobertura de cobranças e remessas documentarias, adiantamentos até ao montante de 20.000 dólares por factura, viagens, saúde, educação e apoio familiar, bem como transferência de salários de trabalhadores expatriados.

O governador do BNA admitiu recentemente que a opção por um regime de câmbio flutuante "não traz apenas boas notícias" e "exige também alguns sacrifícios, quer a nível empresarial, quer a nível pessoal".

"Teremos o mercado a ditar o equilíbrio do preço da moeda, mas o mercado também tem as suas imperfeições e poderemos ter uma pressão sobre a moeda, por exemplo, por assimetria de informação entre os agentes económicos, por percepção menos assertiva de decisões de política ou até mesmo por sentimento de menor confiança na economia", alertou José de Lima Massano, a 29 de Junho.

Neste último leilão, o segundo realizado em Junho, em que contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio as propostas de 26 bancos participantes – no âmbito do novo regime flutuante cambial, iniciado a 9 de Janeiro – o euro passou a valer (na compra pelos clientes) 297,501 kwanzas, correspondente a uma depreciação de 1,39 por cento da moeda nacional.

Neste leilão voltaram a ser aplicadas as regras anunciadas no final de Janeiro pelo governador do BNA, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.

A 18 de Janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo – em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas – foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.

Na reacção, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da "margem máxima" sobre a taxa de referência - ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio -, "não pode ser superior nem inferior a 2 por cento".

"Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2 por cento, não mais, não menos", avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.

No modelo cambial anterior, até 9 de Janeiro, a cotação era fixada directamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, mas passou então a ter moeda europeia como referência para o mercado nacional.

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