Ver Angola

Construção

Governo só permite um expatriado por cada 95 angolanos na construção de barragens

As novas obras de construção de barragens no país vão receber equipamentos técnicos utilizados na edificação do aproveitamento hidroeléctrico de Laúca e terão de obedecer à regra de apenas um trabalhador expatriado por cada 95 nacionais.

:

A informação consta de uma decisão governamental a que a Lusa teve acesso, emitida quando a construção da barragem de Laúca, a maior obra pública em curso em Angola, envolvendo cerca de 9000 trabalhadores e um custo superior a 4000 milhões de dólares, entra na fase final.

Nesse sentido, o documento, na forma de despacho presidencial, de 11 de Julho, refere que "urge a necessidade de manter os técnicos e operários, bem como os meios adquiridos para a execução" da obra de Laúca, mas também de "aproveitamento pleno desses meios e recursos em novas obras de grande porte".

A obra da barragem de Laúca está a cargo dos brasileiros da Odebrecht, que subcontrataram, entre outras, várias empreiteiras portuguesas, tendo construído de raiz, na margem direita do rio Kwanza, uma pequena cidade, com todo o tipo de valências sociais, desportivas, culturais e até de apoio médico, além de acomodação, para os trabalhadores, nacionais e expatriados.

No despacho agora assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, é aprovado o processo de "absorção dos recursos humanos e dos meios técnicos" utilizados em Laúca e que as instalações de apoio construídas "devem ser utilizadas para o projecto de Caculo Cabaça", uma das novas barragens que o Governo pretende construir no rio Kwanza.

"Os meios técnicos do Governo que foram adquiridos para o projecto de Laúca devem ser alocados para os projectos de construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça e do Zenzo [também no rio Kwanza]. Deve ser garantido que nos novos projectos hidroeléctricos a serem construídos, a proporção de contratação de mão-de-obra seja de, pelo menos, um técnico estrangeiro para 95 técnicos nacionais", lê-se no documento.

Além disso, o Governo estipula que "deve ser garantida a transferência gradual da força de trabalho contratada disponível no projecto de Laúca para os futuros projectos hidroeléctricos, em função da evolução do cronograma dos mesmos", cabendo à Odebrecht actuar como "gestora" dessa mão-de-obra e dos respectivos serviços de acomodação e de restauração, bem como assegurar a manutenção dos meios técnicos que constituem património do Estado.

Localizada entre as províncias do Kwanza Norte e Malanje, aquela barragem foi encomendada pelo Estado e envolve financiamento da linha de crédito do Brasil.

Desde 11 de Março que o enchimento em Laúca está a condicionar a operação nas restantes barragens já instaladas no rio Kwanza, devido ao reduzido caudal, limitando o fornecimento de electricidade da rede pública a Luanda a algumas horas por dia.

Em quatro meses está previsto que a barragem de Laúca atinja a quota 830, equivalente a uma albufeira com um volume de água de mais de 2500 milhões de metros cúbicos, sendo por isso a maior em Angola.

O enchimento da barragem de Laúca só terminará em 2018, com a elevação até à quota 850, completando o reservatório na sua totalidade e permitindo a entrada em funcionamento das seis turbinas que estão instaladas e uma produção de cerca de 2.070 MegaWatts (MW) de electricidade, mais do dobro da capacidade das duas barragens - Cambambe (960 MW) e Capanda (520 MW) - já em funcionamento no rio Kwanza.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.