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Opinião A Opinião de Janísio Salomão

Juro (preço do dinheiro) cada vez mais caro em Angola

Janísio Salomão

Mestre em Administração de Empresas, Consultor Empresarial e Técnico Oficial de Contas

A taxa de juro em Angola voltou a subir após o Banco Nacional de Angola (BNA) ter procedido ao seu primeiro ajuste de 9% para 9,25% durante o primeiro trimestre do ano em curso, fruto da conjuntura actual do pais, tendo como finalidade contornar alguns indicadores económicos com destaque para a taxa de inflação que tem registado um aumento significativo desde o mês de Fevereiro do corrente ano, quando se encontrava fixada em 7,44%.

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A procura de divisas com tendência ascendente, contribuiu fortemente pois, a procura por cambiais tem sido recorrente para a importação de bens com fraca capacidade de produção nacional. A redução da importação de alguns bens e serviços acabou por exercer forte pressão ao mercado, e como corolário, o kwanza sofreu uma acentuada desvalorização.

Ante ao exposto, o comité de política monetária do BNA na sua reunião do 27 de Julho de 2015, quadragésima sexta sessão ordinária decidiu “aumentar a taxa de Taxa Básica de Juro - Taxa BNA – de 9,75% para 10,25% ao ano e a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 10,5% para 11,0% ao ano”[1];

Nosso entender, tais medidas de políticas monetárias, foram desenvolvidas com objectivo de atenuar as fortes pressões a que o mercado se encontrava sujeito com o aumento da taxa de inflação, que alcançou durante o mês de Julho a taxa de 9,61%, considerada a mais alta desde o ano de 2013, em que a taxa de inflação se situou em 8,9%.

Normalmente os Bancos Centrais (BC) aumentam a taxa básica de juro como uma medida de controlo da massa monetária em circulação. Através desta medida, os BC’s podem absorver dinheiro da economia, colocando no mercado Bilhetes do Tesouro ou Títulos dos Bancos Centrais, ou seja, o aumento da taxa básica de juro atraí o investimento em títulos públicos que acabam por diminuir a massa monetária (dinheiro em circulação) na economia, impactando na redução da variável consumo.

E o oposto, redução da taxa de juro, reduz os investimentos em títulos do Banco Central, aumentando o crédito à população, que acaba por aumentar a massa monetária em circulação e consequentemente o consumo.

Como tal, o mercado reage de acordo a lei da oferta e procura, quando a oferta diminui, acaba por aumentar os preços dos bens e serviços e quando aumenta acontece o inverso, os preços diminuem.

No entanto, tais medidas de contenção da inflação devem ser tomadas e analisadas com muita precaução, pois o aumento da taxa básica de juro, acaba por afectar as operações activas (empréstimos) do mercado interbancário, o que torna mais caro o dinheiro e desistimula o investimento que geralmente acaba por repercutir na produção e consumo, reduzindo o ritmo de crescimento que a economia registava.


[1] Cf. http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=175&idl=1&idi=14402

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Janísio Salomão

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