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José Eduardo dos Santos fala em transição no poder, mas afirma levar mandato até ao fim

José Eduardo dos Santos, afirmou esta quinta-feira que nas "actuais circunstâncias" do país pretende levar o mandato até ao fim, mas apontou a necessidade de estudar com seriedade a construção da transição em Angola.

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"Em certos círculos restritos era quase dado adquirido que o Presidente da República não levaria o seu mandato até ao fim, mas é evidente que não é sensato encarar essa opção nas actuais circunstâncias", afirmou José Eduardo dos Santos no discurso de abertura da terceira reunião extraordinária do comité central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Esta reunião visa preparar o sétimo congresso ordinário do MPLA, no poder desde 1975, a decorrer em 2016 e que por sua vez vai eleger, entre outros cargos de direcção, o de presidente do partido, cargo ocupado há mais de 35 anos por José Eduardo dos Santos.

Angola tem eleições gerais previstas para 2017, as terceiras desde o fim da guerra civil, em 2002.

"Penso entretanto que deveremos estudar com muita seriedade como será construída a transição. Na minha opinião é conveniente escolher o candidato a Presidente da República, que é competência do comité central [órgão máximo entre congressos] nos termos dos estatutos, antes da eleição do presidente do partido no sétimo congresso ordinário", afirmou o líder angolano.

Nesta intervenção, várias vezes aplaudida pelos membros do órgão principal do partido, José Eduardo dos Santos nunca se referiu a uma eventual disponibilidade para uma candidatura a um terceiro mandato.

"O estudo das soluções a equacionar devem servir para reafirmar o carácter democrático do nosso partido e consolidar o regime democrático da República de Angola", disse Eduardo dos Santos.

A posição do líder do MPLA e titular do poder Executivo em Angola surge numa altura em que a sociedade debate a detenção em Luanda, desde 20 de Junho, de 15 jovens angolanos suspeitos do crime de rebelião quando alegadamente preparavam um golpe de Estado.

"Não se deve permitir que o povo angolano seja submetido a mais uma situação dramática como a que viveu em 27 de Maio de 1977 por causa de um golpe de Estado [divisões dentro do MPLA]. Quem quer alcançar o cargo de Presidente da República e formar Governo, que crie, se não tiver, o seu partido político, nos termos da Constituição e da Lei, e se candidate às eleições. Quem escolhe a via da força para tomar o poder ou usa meios para tal anticonstitucionais não é democrata. É tirano ou ditador", acusou.

Transmitiu ainda a convicção de que o próximo congresso - cuja proposta de convocatória e metodologia é discutida na reunião de ontem - "vai tornar o MPLA ainda mais forte", apelando também à "profunda reflexão" em torno da escolha dos candidatos que vão concorrer aos órgãos do partido em 2016.

"Acusaram o MPLA e os seus militantes de intolerantes, mas a mentira tem pernas curtas. Hoje sabe-se onde estão os intolerantes e nem é preciso dizer os seus nomes. Eles escondem-se atrás dos outros. O MPLA deve continuar a defender com firmeza a paz, a unidade nacional e a construção de uma sociedade bem-estar, progresso social e harmonia", sublinhou o Presidente angolano.

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