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Analista diz que construção de refinarias pode avançar com parceiros asiáticos

O analista de mercado petrolífero Flávio Inocêncio defendeu, esta Quinta-feira, que Angola se junte às grandes estatais asiáticas para avançar com a construção das suas refinarias, que devem ser pensadas já na lógica do sector petroquímico.

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Em 2017, o Presidente, João Lourenço, lançou o desafio para a construção de refinarias no país, para contrapor os altos custos com a importação de combustíveis, e foram então criados projectos para a edificação das refinarias de Cabinda, do Soyo e do Lobito.

Esta semana, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, falou sobre a construção dessas infra-estruturas, numa audição parlamentar, apontando dificuldades para se encontrar parceiros que invistam nos projectos.

Flávio Inocêncio frisou que o assunto é complexo e o problema está essencialmente no facto de o 'downstream' (distribuição e comercialização) não ser um sector tão lucrativo como o 'upstream' (exploração e produção), fazendo com que não haja grande interesse por parte de multinacionais petrolíferas, já poucas, hoje, com a componente de 'downstream'.

O académico angolano, residente em Londres, salientou ainda que o sector foi bastante afectado pela pandemia da covid-19, que reduziu em 30 por cento a procura mundial pelo petróleo e por gás e derivados de petróleo, afectando significativamente o arranque destes projectos que estavam na fase de 'capex' (investimentos, despesas de capital, infra-estruturas).

Para o consultor, foi "muito positiva" a solução encontrada pelo executivo, que, via Sonangol, a petrolífera nacional, permitiu pelo menos o arranque dos planos.

Flávio Inocêncio sublinhou que Angola deve virar o seu foco para empresas estatais asiáticas do sector da refinação, ainda interessadas nessa área, ao contrário das empresas do Ocidente, com excepção dos Estados Unidos da América.

"Para a refinaria do Lobito, se calhar, era ideal nós termos um grande parceiro internacional [...], uma estatal asiática – chinesa ou indiana –, porque essas empresas estão verticalmente integradas, ao contrário das 'international oil companies', e pensar já nas refinarias na perspectiva de integrar o sector petroquímico", referiu.

Relativamente à refinaria do Lobito, segundo o ministro Diamantino Azevedo, a Sonangol está a assumir todas as despesas até ao momento, porque ainda não se encontrou um parceiro para investir.

"Penso que a solução óbvia é nós termos parcerias com as grandes estatais asiáticas e oferecermos termos mais generosos para elas", insistiu Flávio Inocêncio, apontando o subsídio ao combustível um problema complexo, que afasta potenciais investidores.

"O que eu penso é que a nossa empresa nacional de petróleo deve assegurar que esses investimentos sejam feitos, havendo problemas de insuficiência dos investidores, principalmente na refinaria do Soyo", acrescentou.

Relativamente à refinaria do Soyo, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás disse que a empresa vencedora do concurso para a construção desta infra-estrutura está com muitas dificuldades para conseguir financiamento, admitindo a possibilidade de rescisão do contrato.

De acordo com o especialista, é preciso pensar no futuro do petróleo e gás, que será o sector petroquímico, em termos de exportação, com a transformação em plásticos, fertilizantes, entre outros produtos.

"A estratégia que nós devemos ter como país é um sector integrado, onde temos refinarias com o sector petroquímico – e isso foi pensado em algumas dessas refinarias –, e exportar em valor acrescentado. É isso que a Arábia Saudita faz e esse é o grande objectivo", referiu.

De acordo com Diamantino Azevedo, Angola é o sexto país do mundo com o combustível mais barato, mesmo depois do recente reajuste feito, o que exige "um esforço muito grande da Sonangol". A questão, reconheceu, não torna este segmento de negócio muito interessante.

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